Folha de S.Paulo

Similares a canadibiol beneficiam pele e cabelos

Marcas nacionais de cosméticos optam por alternativ­as que não encontram restrições da Anvisa

- Raíssa Basílio

Desde o tratamento de condições médicas ao princípio ativo de produtos de beleza, o canabidiol (CBD), um dos princípios ativos da planta Cannabis sativa, a maconha, oferece muitas possibilid­ades.

No Brasil, há restrições para o uso de CBD em cosméticos, mas a indústria de beleza e skincare tem explorado opções, como o CBA (sistema ativo canabinóid­e, na sigla em inglês, denominado um “CBD-like” (similar ao canabidiol).

O CBD tem benefícios para a pele, como propriedad­es anti-inflamatór­ias, que podem auxiliar no tratamento de acne, eczema e psoríase, e antioxidan­tes, que combatem danos causados pelos radicais livres, diz Maria Eugênia Ayres, graduada em farmácia industrial e pós-graduada em farmacolog­ia clínica.

“O CBD pode ter um papel na modulação do processo inflamatór­io quando aplicado topicament­e, o que sugere sua utilidade em condições onde a inflamação desempenha um papel significat­ivo, como queda de cabelo, acne e melasma”, explica a farmacêuti­ca bioquímica e cosmetólog­a, Fernanda Chauvin.

Tem ainda propriedad­es hidratante­s que ajudam a manter a pele macia e suave, além de ajudar a reduzir a inflamação, melhorando a aparência.

No mercado nacional, Simple Organic e Skin Therapy foram pioneiras, mas outras marcas seguem seus passos, e a indústria já oferta outras opções de produtos com CBA para cabelo e skincare.

Apesar da liberação do uso dermatológ­ico do CBD pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) em 2019, a legislação ainda é incipiente e apresenta desafios para as empresas pela falta de clareza sobre importação, produção e distribuiç­ão, o que pode afetar a qualidade e segurança dos produtos.

O CBD é reconhecid­o como ingredient­e cosmético seguro em concentraç­ões adequadas, e costuma ser usado em produtos com formulaçõe­s controlada­s. Ayres explica que as regras exigem rotulagem clara sobre a presença de CBD. Fabricante­s devem conduzir testes de segurança e qualidade, incluindo estabilida­de, irritação da pele e microbiolo­gia.

O termo CBD-like define produtos com compostos naturais de propriedad­es semelhante­s ao canabidiol, mas não derivados de Cannabis. Cosméticos que têm na base CBD-like podem ter ingredient­es botânicos ou sintéticos, que entregam efeitos parecidos.

O canabidiol atua no sistema endocanabi­nóide do corpo, que regula várias funções fisiológic­as, como o humor, o sono, a dor e a inflamação. Ele reage com receptores no organismo, com benefícios como redução da inflamação, alívio da dor, relaxament­o muscular e melhora do sono.

Já na cosmetolog­ia, há opções de óleos para o corpo e cabelo, cremes e hidratante­s, que terão um efeito calmante e anti-inflamatór­io na pele.

Pelas restrições no Brasil, a indústria de beleza encontrou opções em plantas como a copaíba, que contém CBA, muito usada na Amazônia com fins medicinais. Sua ação nos receptores endocanabi­nóides pode resultar em efeitos semelhante­s ao CBD, diz Chauvin.

Outros exemplos de “CBD-like” incluem extratos de plantas como cânfora, ácido boswélico —composto extraído da árvore Boswellia Serrata, nativa do sul da Ásia— e o extrato de raiz de kava —cultivada no Pacífico Sul, é uma planta cujos efeitos podem ser sedativos e relaxante.

Patrícia Lima, fundadora da Simple Organic, conta que, com a grande demanda por cosméticos com CBD nos Estados Unidos e Europa, buscou alternativ­as no Brasil.

Segundo ela, parcerias com a indústria e fornecedor­es como a Beraca, empresa que fornece ingredient­es naturais no país, proporcion­aram esse achado. “Isso resultou no desenvolvi­mento de produtos que oferecem esses benefícios únicos, atendendo à demanda por soluções que vão além das propriedad­es anti-inflamatór­ias do CBD”, afirma.

“Não há mudança significat­iva na eficácia tópica entre o CBD e o ‘CBD-like’. Eles atuam nos mesmos receptores, estimuland­o a síntese de colágeno. A concentraç­ão pode variar, dependendo da qualidade do CBD e do método de extração. A eficácia também pode ser afetada pela qualidade do óleo usado”, diz Chauvin.

Para Lima, o desenvolvi­mento de trabalhos sustentáve­is permitiu obter produtos similares ao canabidiol,que incluem uma mistura de óleos da Amazônia, com possível atuação nos neurotrans­missores da pele, proporcion­ando uma sensação de bem-estar.

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Pexels/Alesia Kozik Produtos de beleza usam opção de CBD-like, que tem os mesmos receptores do canabidiol

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