Folha de S.Paulo

Brasileiro gastou mais com psicólogo, veículo e pet em 2021, afirma banco

Perfil de despesas mostra volta ao consumo presencial, segundo diretor do Itaú; estimativa é que ômicron tenha afetado menos a economia

- Eduardo Cucolo

SÃO PAULO O consumidor brasileiro aumentou seus gastos com serviços relacionad­os a veículos, psicólogos, veterinári­os e petshops em 2021, segundo balanço das compras realizadas com cartões do Itaú Unibanco e vendas realizadas pela Rede, empresa de meios de pagamentos do banco.

O valor total das transações cresceu 24,5% em 2021, depois de uma expansão de apenas 3,5% em 2020. A quantidade de operações avançou 25,4%. A participaç­ão das compras online foi de 21,1% —estava em 18% antes da pandemia.

As gerações Y (nascidos de 1985 a 1999) e Z (2000 a 2010) respondera­m por 37% e 38% das transações online, respectiva­mente. Baby boomers (nascidos de 1945 a 1964) aparecem com 26%, e ageração X (1965 a 1984), com 31%.

Entre os segmento sem desta queno ano estão o valore a quantidade de gastos com psicólogos, que avançou cerca de 40% nos dois quesitos em relação a 2020. Nesse caso, a quantidade de transações foi maior entre mulheres (58%) do que entre homens.

Em termosger acionais, aY éo destaque: os nascidos entre 1985 e1999res ponderam por 41% das operações. Consideran­do apenas o último trimestre de 2021, houve uma alta no número de transações de 76% entre mulheres e de 16% entre os homens nessa faixa etária.

Moisés Nascimento, diretor de Estratégia e Engenharia de Dados do Itaú, destaca também o avanço da mobilidade refletido no aumento de despesas com estacionam­ento, pedágio, lavarápido e troca de óleo, todos em torno de 50%. Os demais gastos com manutenção de veículo avançaram 27%.

“Estamos saindo mais de casa. Vivendo esse novo normal”, afirma. “Esse cresciment­o denota o brasileiro de volta ao trânsito, às atividades mais presenciai­s.”

O setor de petshop e veterinári­os cresceu 25,5% no ano, com destaque para o avanço de 143% nas transações online. O aumento ficou próximo de 60% entre consumidor­es da geração Z (nascidos de 2000 a 2010).

Por região, apenas o Nordeste teve gastos nesse segmento inferior à média. Uma possível explicação, segundo Nascimento, é que a região concentra quase um terço dos gatos do país (dado do IBGE), e esses animais geram uma despesa menor em relação aos cachorros, de acordo com associação do setor.

Dois setores que ficaram perto da estabilida­de em 2020, alimentaçã­o e saúde e bem-estar (hospitais, médicos, dentistas, veterinári­os etc.), tiveram cresciment­o próximo de 30% em 2021. Turismo e postos de combustíve­is, que encolheram no ano anterior, avançaram cerca de 50% em 2021.

Nascimento diz que a participaç­ão das compras online parou de aumentar, dada a retomada das transações presenciai­s, depois de um rápido avanço nos primeiros meses de 2020 após a decretação da pandemia e de restrições relacionad­as à crise sanitária.

Ele diz que o aumento do consumo online é uma tendência e que a sua participaç­ão no total deve continuar aumentando gradativam­ente a longo prazo.

Julia Gottlieb, economista do Itaú Unibanco, afirma que dados mais recentes dos setores industrial e de serviços mostram que a variante ômicron do coronavíru­s afetou menos a economia, na comparação com os danos causados pelas primeiras ondas da Covid.

Por isso, a economia global está crescendo, apesar dos riscos trazidos pelo aumento dos juros em diversas economias desenvolvi­das em reação à alta da inflação.

O Itaú projeta cresciment­o de 4,4% em 2021 (dado que será conhecido em março) e retração de 0,5% em 2022. A desacelera­ção é atribuída, principalm­ente, ao aumento dos juros, que devem passar dos atuais 10,75% para 12,50% ao ano, na projeção da instituiçã­o.

Gottlieb diz que o aperto monetário tende a atingir, principalm­ente, os setores cujas vendas dependem mais do crédito.

“Os dados do fim do ano passado vieram mais positivos, mas os de janeiro apontam alguma fraqueza da economia adiante”, afirma.

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