Prêmio Jabuti consagra Jeferson Tenório e coroa infantil sobre Brumadinho
O prêmio Jabuti, mais importante troféu anual da literatura brasileira, divulgou ontem (25) os ganhadores da sua edição de 2021, consagrando como grande vencedor o infantil “Sagatrissuinorana”, de João Luiz Guimarães e Nelson Cruz, publicado pela independente ÔZé Editora, como o livro do ano.
O livro “O Avesso da Pele” (Companhia das Letras), em que o gaúcho Jeferson Tenório conta a história de um jovem negro que perde o pai para a violência policial, foi o ganhador na categoria de romance literário.
A cultura negra esteve em destaque em outras vitórias importantes, como “A Razão Africana”, do professor Muryatan Barbosa, na categoria de ciências sociais, e “Prato Firmeza Preto: Guia Gastronômico das Quebradas de SP” entre os livros de economia criativa.
Na poesia, o prêmio, póstumo, foi para Maria Lúcia Alvim, pela coletânea “Batendo Pasto”, da Relicário. Ela morreu de Covid, aos 88 anos, em fevereiro.
Entre os romances de entretenimento, foi eleita uma obra coescrita por alguns expoentes da literatura de fantasia do país: Luisa Geisler, Marcelo Ferroni, Natalia Borges Polesso e Samir Machado de Machado, que assinam “Corpos Secos”, da Alfaguara.
Em não ficção, a obra “A República das Milícias”, de Bruno Paes Manso, foi a vencedora entre as biografias e livros-reportagem. O livro traça a evolução das milícias no
Rio de Janeiro, apresentando sua conexão com personagens célebres do noticiário político da era Bolsonaro.
A cerimônia aconteceu virtualmente no canal de YouTube da Câmara Brasileira do Livro, com apresentação do ator Dan Stulbach e uma homenagem ao escritor Ignácio Loyola de Brandão.
Vitor Tavares, presidente da CBL, destacou que o prêmio desse ano teve 31% mais inscritos que no ano anterior, o que revela a pujança do mercado editorial mesmo em meio à pandemia.
O prêmio principal para “Sagatrissuinorana” segue a tendência dos anos anteriores de coroar editoras independentes. Na última edição, a premiada foi a pernambucana Cepe, que publicou a coletânea de poemas “Solo para Vialejo”, de Cida Pedrosa, e em 2017 o escritor Mailson Viana venceu por uma obra publicada de forma autônoma.