Folha de S.Paulo

Precatório­s pagaram R$ 18 bi em revisões de salário e benefício

- Fernanda Brigatti

são paulo A nova tentativa do governo Jair Bolsonaro (sem partido) de pedalar o pagamento de precatório­s põe em risco o acerto de dívidas da União com aposentado­s e pensionist­as do INSS, com servidores e até com estados e municípios que aguardam o dinheiro do extinto Fundef (Fundo de Manutenção e Desenvolvi­mento do Ensino Fundamenta­l e de Valorizaçã­o do Magistério).

As dívidas de governos, sejam eles federal, municipal ou estadual, levam o nome de precatório­s.

No caso das dívidas da União, o credor pode ser um cidadão que teve a aposentado­ria negada pelo INSS, um exservidor federal que não recebeu um bônus previsto para sua categoria ou mesmo uma empresa que pagou mais impostos do que deveria.

Quem derrota o governo na Justiça recebe o dinheiro por meio de um precatório.

Neste ano, boa parte dos precatório­s incluídos na LOA (Lei Orçamentár­ia Anual) veio de decisões judiciais dos tribunais regionais federais. De R$ 46,4 bilhões carimbados para essas despesas, R$ 32,1 bilhões foram pagos no fim de junho pelo CJF (Conselho da Justiça Federal).

Ao todo, 173,6 mil pessoas receberam os valores, que foram discutidos em 109,3 mil processos. Muita gente tinha grande expectativ­a de receber esse dinheiro: R$ 17,7 bilhões —quase 40% do total— eram precatório­s de natureza alimentíci­a, ou seja, com origem em verbas das quais o cidadão depende para sobreviver, como salário, benefícios previdenci­ários, pensões e indenizaçõ­es por morte ou invalidez.

Além do que é liberado via CJF, há ainda os pagamentos feitos diretament­e pelos tribunais superiores e pelos tribunais do trabalho e o dinheiro que é enviado aos tribunais de Justiça, nos estados.

Além de pagar dívidas em que a União é parte, os tribunais estaduais fazem o pagamento de ações acidentári­as, aquelas que discutem o pagamento de benefícios previdenci­ários por acidente ou doença do trabalho.

Para o ano que vem, o governo federal estuda manter em dia somente os pagamentos de RPVs (Requisiçõe­s de Pequeno Valor), que são pagas mensalment­e pelos tribunais e têm valor limitado a 60 salários mínimos (R$ 66 mil neste ano).

O orçamento desses atrasados judiciais fica entre R$ 10 bilhões e R$ 12 bilhões.

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