Folha de S.Paulo

Feliz por arriscar, Zanetti perde e chora só de saudades do filho

- Daniel E. de Castro

tóquio Duas vezes medalhista olímpico, Arthur Zanetti sabia que precisava ousar em Tóquio para buscar a terceira conquista, o que seria um feito inédito nas argolas.

A série que o ginasta de 31 anos apresentou na qualificaç­ão resultou na nota 14.900, que o deixaria fora do pódio nesta segunda (2). Era preciso mostrar algo diferente para os juízes.

A opção dele e do treinador Marcos Goto foi executar um outro movimento na saída do aparelho para aumentar o grau de dificuldad­e. Se acertasse o triplo mortal grupado, pelos seus cálculos, teria tudo para aumentar a pontuação em três décimos e ficar entre os três primeiros.

O grego Eleftherio­s Petrounias, campeão na Rio-2016, levou o bronze com 15.200 — ouro e prata foram para os chineses Yang Liu e Hao You, respectiva­mente, com 15.500 e 15.300. Zanetti, porém, se desequilib­rou e caiu, encerrando a participaç­ão olímpica na oitava posição, último entre os finalistas, com 14.133.

“Temos que sair felizes em tudo na nossa vida. Não é porque errei que tenho que sair triste. Saí feliz porque arrisquei. Ninguém sabe o quanto sofri pra fazer essa saída. Machuquei o pé várias vezes e, se eu não tivesse feito hoje, com certeza ficaria triste”, afirmou.

Durante um ano, o atleta e Goto tentaram mexer na série, mas mudar a saída se mostrou a melhor opção, na avaliação deles. “A gente sofre para aumentar um décimo. Lógico, era uma saída arriscada, mas era para o tudo ou nada.”

Tranquilo com a sua performanc­e, o atleta só desabou ao falar sobre o filho, nascido há 11 meses. O ginasta levou um macacão para ter o cheiro de Liam ao seu lado durante o período em que passou fora. Primeiro na preparação, realizada em Doha, e depois para participar dos Jogos.

“Minha maior conquista, sem palavras. Quase dois meses fora de casa, perder a evolução… Agora ele está evoluindo muito rápido e só fico vendo pelo celular.”

Entre os melhores por uma década, Zanetti até pensa em aproveitar o ciclo mais curto, de três anos, para ir até os Jogos de Paris-2024. Mas ele ainda não crava essa decisão.

“Olimpíadas é muito bom, mas desgasta muito, principalm­ente a cabeça, e eu preciso dar uma relaxada agora, na cabeça principalm­ente. O corpo está tranquilo, mas a cabeça precisa dar uma descansada para pensar depois num próximo ciclo olímpico.”

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Lindsey Wasson/Reuters Arthur Zanetti durante a final das argolas em Tóquio em que ficou em 8º

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