Secretário da Agricultura dos EUA volta ao cargo, mas com desafios novos
são paulo Tom Vilsack, o novo secretário do Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), assume mais uma vez o órgão, após ter passado por lá de janeiro de 2009 a janeiro de 2017, no governo Barack Obama.
A experiência é grande, mas os problemas são novos. A completa divergência de política agrícola entre os governos de Donald Trump e de Joe Biden traz desafios diferentes ao secretário.
Internamente, as principias dificuldades se referem às consequências da pandemia do novo coronavírus, principalmente para os pequenos agricultores.
Aliás, Vilsack assume com uma certa desconfiança destes, principalmente dos agricultores negros. Eles acreditam que o novo secretário se volte mais para as indústrias e para grandes produtores.
Os grandes também têm certos receios do democrata. Algumas políticas mais restritivas, principalmente nas regulamentações ambientais, assustam o setor.
O governo de Biden já deu sinais de que vai tomar medidas para frear o aquecimento global e para aumentar a preservação ambiental, inclusive voltando a acordos internacionais, rejeitados pelo seu antecessor.
Algumas dessas medidas, no entanto, têm um lado positivo para os produtores do Meio-Oeste. Devido à afeição pela indústria de petróleo, Trump havia liberado muitas petroleiras da exigência da mistura de etanol à gasolina. Biden deverá dar prioridade à utilização de combustíveis renováveis, como o etanol de milho, beneficiando os produtores.
Externamente, o novo secretário deverá rearranjar a casa. Trump impôs barreiras ao comércio externo, rompeu acordos e saiu de organizações internacionais de acompanhamento de mercado.
Nessa mudança de rumos, deixou descontentes os principais importadores de produtos agrícolas dos EUA. Na lista estão União Europeia, China e até México e Canadá.
O momento de chegada de Vilsack ao Usda não é ruim. Os preços das commodities estão melhores do que os do ano passado, o que garante mais renda aos produtores, e o dólar está em baixa.
Ao contrário do que ocorre com os produtores brasileiros, que se beneficiam da alta do dólar no momento da comercialização, os americanos perdem competitividade quando a moeda está valorizada.