Salvou vidas pela medicina e no exercício da solidariedade
Uma marca do anestesista José Ledson da Silva era a paciência na hora de solucionar conflitos. No sentido de evitar ofensas, adotava maneiras especiais para dizer não. A tranquilidade sempre se fazia presente.
Nascido em Irupi, no Espírito Santo, aos quatro anos mudou-se para Durandé, em Minas Gerais. Aos 15, foi viver com a família no Rio de Janeiro. Lá, cursou o científico (como o ensino médio era chamado na época) e depois medicina.
Em 1974, fixou residência em São José dos Campos (a 97 km de São Paulo) para iniciar na profissão.
Doutor Ledson, como era conhecido entre amigos e colegas de trabalho, levou para a carreira a gentileza, simplicidade e a integridade com a qual tocou a vida e ensinou aos filhos, que também aprenderam com ele o exercício da caridade.
“Meu pai era o tipo de médico que visitava o paciente em casa após a cirurgia. Ele se vai, mas o que fica é o exemplo de um homem gigante em sua gentileza e humanidade. Um médico que salvou incontáveis vidas, muitas vezes até sem ser por meio da medicina”, diz o radialista Leandro Sosi, 40, um dos filhos.
O hábito de colocar apelidos em quase todo mundo era uma das formas de extrapolar seu jeito carinhoso e brincalhão. O filho Leandro era Leleco ou Zé Bettio, uma referência ao comunicador; a filha Cristiane, que praticava ginástica olímpica, foi apelidada de dona Nádia, referenciando a atleta Nadia Comaneci; os outros filhos eram Bacuri e Sheiloca.
A esposa Ilma de Souza e Silva, 76, foi um capítulo especial em sua vida. No próximo 31 de janeiro, eles completariam 51 anos casados.
Os dois se conheceram aos 12 anos, em Durandé, uma cidade mineira. O amor começou platônico. Ilma ficou três anos num convento e, quando saiu, iniciou o namoro por carta, pois morava em Minas Gerais e José no Rio.
Doutor Ledson também cuidava da própria saúde. Praticou esportes, como corrida e natação. Há três meses, bateu a cabeça em uma parede de vidro ao se desequilibrar jogando pingue-pongue em um hotel-fazenda. Dr. Ledson morreu no dia 9 de janeiro, aos 76 anos, devido às complicações causadas pelo acidente. Deixa a esposa, quatro filhos e seis netos.