Ricardo Salles vai efetivar coronel da PM paulista na chefia do ICMBio
Coronel Fernando Cesar Lorencini era diretor de Planejamento, Administração e Logística e assumiu chefia após saída de Homero Cerqueira
brasília O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, decidiu efetivar o presidente interino do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), o coronel da PM de São Paulo Fernando Cesar Lorencini.
Lorencini vai substituir o coronel Homero Cerqueira, exonerado no mês passado após atrito com Salles. Será, portanto, o segundo coronel da PM paulista a assumir o cargo na sequência.
A informação foi confirmadaà Folha por uma fonte no ministério, apesar de a pasta ainda não confirmar oficialmente. A nomeação deve ser publicada nos próximos dias no Diário Oficial da União.
Servidores de carreira do ICMBio reagiram com naturalidade, pois consideravam que a manutenção já era esperada. Alguns chegaram a demonstrar alívio, temendo que o cargo fosse para um indicado de ruralistas.
Lorencini está no ICMBio desde abril de 2019 e ocupava o cargo de diretor de Planejamento, Administração e Logística. O coronel estava na presidência interina do órgão —responsável pela gestão das 334 unidades de conservação federais— desde 21 de agosto, após a saída de Cerqueira.
Ele foi exonerado após divergências internas com o ministro, que o acusava de usar o cargo para autopromoção.
Segundo Cerqueira, Salles não gostou de uma série de palestras online feitas por ele e da distribuição de medalhas a servidores para marcar os 13 anos de fundação do ICMBio.
Além disso, durante a crise pela alta do desmatamento na Amazônia, circularam rumores no fim de julho de que o coronel substituiria Salles no comando do Meio Ambiente.
A gota d’água, no entanto, teria sido uma reunião de Salles com Cerqueira no Pantanal. Salles teria sinalizado concordância com demandas de fazendeiros, que defendiam o uso do fertilizante nitrato de amônio para combater os incêndios. O produto estimula o crescimento da vegetação, o que favorece a pastagem.
A medida não é autorizada por técnicos do ICMBio, pois também facilita o retorno do fogo. Cerqueira teria defendido a posição dos técnicos.