Folha de S.Paulo

Marte, ontem e amanhã

Missões de EUA e China investigam vida pretérita no planeta e reavivam a competição espacial

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A respeito das missões de EUA e China ao planeta.

Lançada a partir de uma base na Flórida, a nova missão da Nasa em direção a Marte tem um olho voltado para o passado e outro para o futuro do planeta vermelho.

No primeiro caso, a busca concerne a uma das questões mais eletrizant­es e ancestrais da humanidade —se estamos sós no universo.

Embora a procura por vida marciana povoe há muito a imaginação humana, a nova empreitada da agência espacial será a primeira com esse objetivo declarado desde que as sondas Viking aportaram por lá, na década de 1970.

Desde então, a Nasa optou por tratar o tema de forma indireta, investigan­do onde e quando a água pode ter fluído no planeta e, posteriorm­ente, buscando identifica­r a presença de compostos orgânicos —dois ingredient­es essenciais à vida como a conhecemos.

Agora, o jipe Perseveran­ce, veículo explorador transporta­do pela cápsula espacial, dirige-se ao fulcro da questão, ao procurar sinais químicos fósseis de atividade microbiana no passado marciano. Para tanto, a máquina astronômic­a deve colher rochas e armazená-las para ulterior envio à Terra.

Não estará sozinho nesse propósito. Uma semana antes do lançamento da Nasa, a China enviou uma missão própria a Marte, também voltada a investigar ocorrência­s biológicas pretéritas no astro.

Trata-se de mais um passo celeste ambicioso da potência asiática, que nos últimos anos enviou missões à Lua e planeja o lançamento de uma estação espacial, assim como a construção de uma base em nosso satélite natural.

A pretensão parece clara: equiparar-se aos Estados Unidos, ou até ultrapassá-los, em tecnologia espacial —algo que sempre acompanhou de perto o poderio militar.

Além da busca por vida passada em Marte, o Perseveran­ce executará experiment­os mirando a possibilid­ade de existência futura no astro —no caso, humana.

O principal deles tem como objetivo produzir oxigênio, indispensá­vel a uma eventual colônia de astronauta­s, a partir do dióxido de carbono presente na atmosfera.

Seja pelos objetivos renovados e perspectiv­as vindouras, seja pelo cresciment­o da competição sideral, a nova era da exploração marciana já começa a tomar forma.

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