Folha de S.Paulo

Grama sintética custará R$ 10 milhões, diz WTorre

- Luciano Trindade

são paulo A troca do gramado do Allianz Parque e de um dos campos do centro de treinament­o do Palmeiras para grama sintética custará até R$ 10 milhões, segunda a WTorre, empresa responsáve­l por administra­r o estádio alviverde.

Os custos serão divididos entre o clube (30%), pela reforma dos campos do CT, e a construtor­a (70%). O Palmeiras não confirmou os valores.

A primeira parte da troca do gramado deverá ser finalizada nesta quarta (22). A etapa é composta pela retirada da vegetação natural e da areia que dava sustentaçã­o a ela, além do nivelament­o do piso e da instalação de camadas de brita, que ajudam na drenagem.

Nas próximas quatro semanas, antes da grama sintética, serão colocadas manta de amortecime­nto e borrachas termoplást­icas, com função de diminuir impacto e temperatur­a. O mesmo será feito para o novo gramado do centro de treinament­o. Ambos

têm previsão de conclusão no fim de fevereiro.

Segundo o diretor de operações da WTorre, Mike Willian, uma das formas de pagamento será a exposição da marca da Soccer Grass, responsáve­l pela instalação do gramado. O Palmeiras, por exemplo, fará divulgaçõe­s da empresa em seus perfis nas redes sociais.

“É um contrato que tem esse valor [até R$ 10 milhões], mas também contrapart­idas de entregas de marketing para o parceiro que está operando”, diz Willian à Folha.

No acordo entre as partes, está definido um parcelamen­to em até 30 meses, os seis primeiros com valores maiores.

As 24 prestações com menor valor terão custo próximo ao que a empresa gastava com a manutenção da grama natural. Isso será possível, segundo a administra­dora da arena, devido à previsão de economia com a manutenção do gramado, que deverá ser reduzida em até 85% por mês.

“A gente gastava de R$ 75 mil a R$ 80 mil [por mês] com manutenção. Agora, o custo fixo será de R$ 25 mil”, diz o diretor de operações. “Ele [o gramado sintético] não tem manutenção todos os dias. É mais uma preservaçã­o após chuvas ou um evento”, completa.

A WTorre prevê, ainda, economizar energia elétrica, pois a empresa tinha um custo estimado em R$ 100 mil mensais com o uso de luz artificial para manter a qualidade da grama natural —o gramado sintético do Allianz Parque tem validade de 12 anos, mas a sua garantia em contrato é de 8.

Com a mudança no tipo de gramado e a expectativ­a de gastar menos tempo com manutenção, a empresa que administra o estádio espera aumentar de 5% a 10% o número de shows no local, ter 30% mais eventos corporativ­os e reduzir a quantidade de jogos que o Palmeiras faz como mandante em outros estádios.

No ano passado, o time fez oito partidas como mandante fora do Allianz Parque. “Este ano, esperamos que esse número reduza para quatro”, diz o diretor da WTorre. Isso sem contar os jogos contra São Paulo (dia 26) e Oeste (29), quando o gramado ainda não estará pronto para uso.

Um dos duelos que o Palmeiras teve de fazer fora de sua arena em 2019 foi contra o Grêmio, nas quartas de final da Libertador­es, quando a equipe foi eliminada com uma derrota no Pacaembu. O fato de fazer uma partida decisiva longe de seus domínios irritou a torcida palmeirens­e.

Na ocasião, o Allianz Parque não pôde sediar a partida pois havia recebido show da dupla Sandy & Júnior dois dias antes. A Conmebol exige acesso aos estádios com 72 horas de antecedênc­ia aos jogos.

Conflitos de datas como esse ainda devem ocorrer em 2020. A WTorre argumenta que grandes eventos musicais são agendados com cerca de 12 meses de antecedênc­ia, enquanto o calendário das fases de mata-mata da Copa do Brasil e da Libertador­es são definidos ao longo do ano.

Segundo Mike Willian, a troca de gramado tem como objetivo principal garantir a qualidade do campo para os jogos do time alviverde, e não necessaria­mente evitar que o time jogue fora do seu estádio.

Por meio de sua assessoria de comunicaçã­o, o Palmeiras disse que a “decisão da utilização do gramado sintético não foi norteada pela economia e sim pela qualidade do piso para a prática do futebol. Também pesou na decisão a possibilid­ade de reduzir o número de jogos fora do Allianz Parque, em virtude do menor prazo para liberar o gramado para jogo, após os shows.”

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