Folha de S.Paulo

CGU alerta INSS há um ano e meio sobre fila de espera por benefícios

- Thiago Resende e Fábio Pupo

BRASÍLIA A CGU (Controlado­ria-Geral da União) faz alertas sobre a fila de espera no INSS há cerca de um ano e meio.

Auditoria do órgão de controle recomendou, em maio de 2018, que medidas fossem adotadas para melhorar a análise dos pedidos de aposentado­ria após a digitaliza­ção do serviço.

“A CGU evidenciou falhas no planejamen­to e na implementa­ção do projeto”, conclui o documento.

Chamado de INSS Digital, o projeto tinha o objetivo de evitar que a redução no número de servidores gerasse um atraso ainda maior no prazo de resposta. Mesmo assim, a fila avançou nos últimos anos.

Atualmente, a fila de espera no INSS é de 1,3 milhão. Esse é o estoque de requerimen­tos de benefícios que não foram respondido­s dentro do prazo legal —45 dias. Em julho do ano passado, a demora atingia 1,7 milhão de pedidos.

Para tentar resolver o problema, o governo anunciou, na semana passada, mais uma força-tarefa. A estratégia, desta vez, prevê que militares da reserva integrem o plano de ação contra a fila de espera.

O INSS Digital começou a ser implementa­do gradualmen­te a partir de 2017. O uso da plataforma buscou criar um fluxo de atendiment­o à população fora da agência da Previdênci­a e, ao mesmo tempo, evitar atrasos diante da diminuição do número de servidores.

Em junho de 2018, a CGU fez uma análise detalhada sobre os efeitos do projeto nas agências que já tinham adotado a plataforma. A auditoria apontou piora nos índices de atendiment­os em alguns casos.

“A maioria das agências que implantara­m o projeto até agosto de 2017 teve piora no indicador [de idade do acervo de processos] maior que a piora que aconteceu em todas as agências de Previdênci­a Social do INSS, consideran­do o comparativ­o do período de setembro a dezembro de 2016 com o de 2017”, ressaltou a CGU, que recomendou a elaboração de um plano de correção.

O INSS reconheceu que a fila cresceu, especialme­nte em 2018, por causa da queda da produtivid­ade na análise dos pedidos de benefícios.

No ano passado, o estoque só começou a cair no segundo semestre após medidas, como bônus a servidores, adotadas pela atual gestão do instituto, comandado por Renato Vieira há cerca de um ano.

Durante as auditorias da CGU, o INSS chegou a avaliar, em julho do ano passado, que seriam necessário­s mais 13,5 mil servidores para atender ao estoque de requerimen­tos de aposentado­rias e benefícios que aguardavam a análise.

Esse cenário, contudo, foi anterior a uma ampla estratégia apresentad­a por Vieira em agosto. Após esse plano, o INSS refez os cálculos e, agora, considera que a contrataçã­o temporária de 7.000 militares reservista­s é suficiente.

Em agosto, foi instituído o programa de dispensa de horário dos servidores, que passariam a ser cobrados pela quantidade de análises no mês em vez da jornada tradiciona­l de trabalho. Os funcionári­os que ultrapassa­ssem a meta receberiam bonificaçã­o.

Questionad­o sobre os alertas, o INSS informou que, em 2018, “registrou o maior fluxo de novos requerimen­tos já registrado e, ao mesmo tempo, a menor produtivid­ade dos últimos quatro anos (2016 a 2019)”.

Isso explica a expansão da fila de espera, mas o instituto tem adotado medidas para resolver o problema.

Além disso, ressaltou que a versão mais atualizada da última auditoria da CGU evidenciou “a existência de iniciativa­s avançadas por parte do INSS” diante da força-tarefa planejada para reduzir a fila.

 ??  ?? *RGPS inclui aposentado­ria, pensões e benefícios por incapacida­de Fonte: Nota Técnica da Secretaria Especial de Previdênci­a e Trabalho
*RGPS inclui aposentado­ria, pensões e benefícios por incapacida­de Fonte: Nota Técnica da Secretaria Especial de Previdênci­a e Trabalho

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