Folha de S.Paulo

Campeã do Enem, escola do PI pede kit de médico apenas para meninos

- Yala Sena

teresina Colégio com a maior nota no ranking nacional do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), o Instituto Dom Barreto, de Teresina, gerou discussão entre pais após exigir, na lista de material escolar, kit de profissão de médico para meninos e de cozinha para meninas.

A exigência causou debate entre os pais e nas redes sociais. No site, a escola pede que sejam enviados para alunos do infantário, bebês a partir de um ano, um estojo (kit de brinquedo) de profissões como médico, mecânico ou bombeiro para meninos. Já na lista para as meninas, havia estojo de salão ou cozinha.

Depois da polêmica em grupos de pais em redes sociais, o item das meninas retirado da lista do site, mas a descrição de kit profissões foi mantida para os meninos. A escola não explicou o que motivou a alteração.

A lista também pede um carro de brinquedo para meninos e uma boneca para meninas.

Com dois filhos na escola, o desembarga­dor do Tribunal Regional do Trabalho do Piauí Francisco Meton Marques disse que não aprova a divisão das profissões.

“A escola deve evitar a divisão por sexo. A escolha da profissão independe de gênero. Haveria impediment­o para eu ser cozinheiro? Por que não médica, bombeira, mecânica? Não vejo motivo para separar”, disse o desembarga­dor. Ele citou ainda que até a CLT (Consolidaç­ões das Leis do Trabalho) revogou itens que separavam trabalho para mulheres e para homens.

A cantora Lilly Araújo, 43, que tem dois filhos na escola, diz que vê o debate como desnecessá­rio e que a metodologi­a do Dom Barreto é inclusiva.

“Eu penso que a lista específica para meninos e meninas é para ajudar os pais quando forem comprar a lista de material. Para a minha filha comprei a maleta de médica e não teve nenhum problema”, disse.

O Dom Barreto, que atende mais de 2.000 estudantes, foi fundado pela Congregaçã­o das Irmãs Missionári­as de Jesus Crucificad­o. O instituto afirma apostar em carga horária diferencia­da e em monitorias, além da oferta de disciplina­s como xadrez, robótica, latim, filosofia, sociologia, inglês e espanhol.

Em 2015, o colégio levantou outro debate ao substituir o Dia das Mães por Dia da Família. A mudança causou discussão, mas foi aprovada pelos pais. A escola foi pioneira ao incluir em seus quadros uma professora transexual.

Em nota, o instituto afirma que ao longo de sua existência tem trabalhado para uma educação “libertador­a de quaisquer amarras derivadas de preconceit­os e discrimina­ção”.

A diretora-geral do Dom Barreto, Stela Rangel, disse que a escola atende cerca de 80 bebês no infantário, que a divisão de sexo é para garantir a diversidad­e de itens em cada sala e que os kits são de uso coletivo.

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Reprodução Lista de material escolar para o infantário do Instituto Dom Barreto, em Teresina, melhor do estado no Enem

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