Troféu para uma geração
Fla busca hoje título da Libertadores, ansiado pelos que não viveram anos 80
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FLAMENGO RIVER PLATE
17h, no Monumental, em Lima Na TV: Globo e Fox Sports lima Para os cerca de 30 mil flamenguistas presentes em Lima neste sábado (23), segundo estimativas da polícia peruana, a final da Copa Libertadores poderá ser o jogo de uma geração.
Se tudo ocorrer como eles esperam, o dia será lembrado para sempre especialmente pelas pessoas que não haviam nascido em 1981 ou eram jovem demais para se lembrar da noite em que Zico liderou a equipe no jogo desempate contra o Cobreloa (CHI), em Montevidéu, para levantar o título sul-americano.
Nos hotéis lotados do bairro turístico de Miraflores, no circuito das praias, na fan fest armada pela Conmebol e Prefeitura de Lima, eles encaram o jogo com o River Plate como uma chance única para acabar com a espera de 38 anos.
“A gente sabe o que este momento significa para eles. A mobilização da torcida foi algo impressionante. A nossa vontade de dar a eles uma alegria é enorme”, disse o lateral Filipe Luís, que disputou duas finais de Champions League pelo Atlético de Madrid, em 2014 e 2016. Perdeu ambas para o Real Madrid.
Centenas dos torcedores que viajaram de avião, ônibus ou ambos até Lima circulam pelas ruas perto do hotel onde a delegação está hospedada.
A polícia montou um cordão de isolamento que torna impossível chegar ao local, mas eles continuam por lá porque, segundo o analista de sistemas carioca Eduardo Ferreira, 43, “é melhor estar o mais próximo possível dos jogadores do que em qualquer outro lugar da cidade”.
“Este momento é muito especial. Se é assim para a torcida, vale o mesmo para nós, jogadores. A gente tenta sempre ficar tranquilo, mas sabemos que eles estão nessa expectativa de serem campeões”, disse o goleiro Diego Alves.
Nenhum outro time brasileiro com participações frequentes na Libertadores vive espera tão longa.
Depois de vencer em 1981, o clube participou do torneio 13 vezes e já foi eliminado de quase todas as formas possíveis. Na fase de grupos, nas oitavas, quartas e semifinais. Se serve de consolo, o time tem 100% de aproveitamento em finais. Chegou uma vez e ganhou.
Quando a equipe levantou o troféu, apenas duas agremiações brasileiras haviam sido campeãs sul-americanas: Santos (1962 e 1963) e Cruzeiro (1976). A competição nem era a prioridade no país. O Santos, com Pelé e companhia, abdicou da disputa em 1967 porque dava mais dinheiro excursionar pelo exterior.
O que não era a prioridade virou, no caso dos flamenguistas, obsessão. A música que entoam sobre serem os únicos campeões mundiais entre os clubes do Rio é tentativa de autoafirmação —após 1981, o Vasco ganhou a Libertadores em 1998, mas caiu no Intercontinental.
Nos últimos 38 anos, das dez equipes que mais participaram da Libertadores, apenas o Flamengo não foi campeão. São Paulo (três vezes), Grêmio (três), Internacional (duas), Santos, Corinthians, Palmeiras, Cruzeiro, Vasco e Atlético-MG venceram.
“Eliminações podem acontecer, mas algumas são bem doídas. Passei por uma no Flamengo que foi muito sentida por todos. Ninguém acreditava”, disse o lateral Léo Moura, que no ano passado, quando brigava para ser campeão pelo Grêmio, ainda se lembrava de 2008.
Naquele ano, os brasileiros ganharam do América do México nas oitavas por 3 a 1 fora de casa e perderam por 3 a 0 no Maracanã, com dois gols do paraguaio Cabañas.
Foi uma frustração para a torcida, mas não a única no período. O Flamengo caiu outras vezes em casa (Peñarol em 1982, por exemplo), em jogos de desempate (Grêmio em 1984), no exterior (Boca Juniors em 1991) e até quando não estava em campo. Em 2012, necessitava bater o Lanús (ARG) e esperar que o Emelec (EQU) não batesse o Olímpia.
O Flamengo fez a sua parte e parecia garantido nas oitavas quando, nos minutos finais, o Olimpia empatou com os equatorianos. Os jogadores esperaram no gramado do Maracanã a confirmação da classificação, até que o Emelec anotou nos acréscimos.
São histórias de um passado que em Lima nem sequer passa pela cabeça de quem viajou para a final. Se passa, ninguém diz em voz alta.
O único contato de pessoas ligadas ao Flamengo com a torcida em Lima foi de Rodolfo Landim. O presidente saiu do hotel para conversar com quem estivesse com camisa em vermelho e preto. Passou palavras de otimismo, mas, por via das dúvidas, foi à Catedral de Lima rezar antes de visitar a Calle de las Pizzas, onde se concentra a torcida.
“O time está preparado. Estar na final é a realização de um sonho, um orgulho imenso por tudo o que vivemos neste ano”, afirmou o zagueiro Rodrigo Caio.
Em 2019, o time já levou o título carioca e está perto de ganhar do Brasileiro, neste domingo (24) ou nas próximas rodadas. Mas para quem viajou a Lima,nada disso se compara ao fim de uma espera de 38 anos pela Libertadores.