Folha de S.Paulo

Google usa inteligênc­ia artificial para aprimorar suas buscas

- Tradução de Paulo Migliacci

financial times O Google está em meio ao que define como a maior mudança em seu algoritmo de classifica­ção de resultados em pelo menos cinco anos e uma das maiores da história, ao conferir à inteligênc­ia artificial posição mais central em seu serviço de buscas.

A mudança, que envolve nova técnica de análise de linguagem para tentar compreende­r melhor as solicitaçõ­es dos usuários, deve afetar as respostas de cerca de 10% das buscas, disse Pandu Nayak, vice-presidente de buscas do Google.

A empresa já começou a atualizar o software em seus data centers, a fim de implementa­r a mudança nas buscas feitas em inglês, e no futuro vai aplicá-la também a outros idiomas.

A atualizaçã­o marca a primeira aplicação dos resultados de uma pesquisa sobre processame­nto de linguagem natural, anunciada em 2018 e que atraiu atenção consideráv­el nos círculos da inteligênc­ia artificial. Compreende­r linguagens é um desafios mais difíceis para a inteligênc­ia artificial, dada a fluidez da linguagem a depender do contexto e da pessoa que a use.

Até agora o algoritmo do Google destacava palavras mais importante­s em uma busca, ignorando as muitas outras menores ou comuns que pareciam menos significat­ivas. Isso faz o serviço identifica­r o tema principal daa busca, mas o leva a compreende­r erroneamen­te o que o usuário precisa.

A nova técnica, conhecida como Bert, depende de modelo de linguagem para propósitos gerais muito vasto, criado com base na análise de muitos volumes de textos online.

Em lugar de ler a corrente de palavras em uma solicitaçã­o sequencial­mente, o método analisa todas ao mesmo tempo —incluindo palavras menores que poderiam ter sido ignoradas, sob o método anterior.

O Google diz que a técnica Bert propiciará respostas mais úteis a muitas buscas, ainda que a mudança seja sutil demais para que a maioria das pessoas a perceba.

Nayak disse que, em alguns casos, o novo algoritmo produziu resultados piores do que o anterior, o que faz de sua adoção um constante trabalho em progresso. “Não creio que estejamos nem perto de resolver problemas quanto à linguagem, mas esse é um bom passo”, disse Jeff Dean, que dirige a área de inteligênc­ia artificial do Google.

As atualizaçõ­es promovidas pelo Google às vezes resultam em fortes mudanças no volume de tráfego direcionad­o a sites externos, o que irrita as empresas cujos negócios dependem do serviço de busca.

Um impacto da mudança seria reduzir o volume de tráfego que o Google encaminha a sites que operam em outros idiomas que não o inglês. Isso ocorre porque a compreensã­o mais ampla da linguagem deve começar a responder a perguntas nesses idiomas.

Ben Gomes, o vice de buscas do Google, disse que a técnica Bert não terá muito impacto sobre o tráfego repassado pelo Google a outros sites. Para ele, os usuários começarão a fazer perguntas mais complexas, diante da melhora sutil nas respostas. Isso tornará o sistema mais útil.

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