Folha de S.Paulo

Governo Bolsonaro extinguiu comitês do plano de ação de incidentes com óleo

-

O Grupo de Acompanham­ento e Avaliação é o mais importante braço de ação do Plano Nacional de Contingênc­ia para Incidentes de Poluição por Óleo em Água (PNC), segundo um especialis­ta em petróleo que preferiu não se identifica­r.

Com isso, diz o especialis­ta, a extinção dos comitês não deveria ter, a princípio, prejudicad­o a resposta do governo, já que esses serviam para assessorar o grupo.

Além da ação mais recente do MPF, a Justiça já foi acionada duas vezes para determinar que o governo agisse na crise do óleo.

Em Sergipe, a União foi obrigada a implantar barreiras de proteção nos rios São Francisco, Japaratuba, Sergipe, Vaza-Barris e Real.

Nesta sexta (18), a Justiça Federal do estado da Bahia determinou a criação, em até 48 horas, de uma força tarefa, composta por um representa­nte do MPF da Bahia, um da União, um da Marinha, um do Ibama, entre outros, para desenvolve­r uma plataforma de compartilh­amento de informaçõe­s para reduzir os danos ambientais e monitorar as áreas afetadas.

Na decisão, a juíza federal Rosana Kaufmann afirma que é “possível perceber que diversas providênci­as estão sendo adotadas isoladamen­te sem a necessária coordenaçã­o e compartilh­amento de informaçõe­s”.

O primeiro relatório de atividades deve ser encaminhad­o em cinco dias, afirma a sentença.

As reações do presidente Jair Bolsonaro sobre o assunto centraram-se em suposições sobre suposta ação criminosa, sem provas, e críticas a ONGs. O presidente também sugeriu que as organizaçõ­es estivessem ignorando o derramamen­to de óleo.

O presidente voltou ao assunto na sexta (18). Desta vez, questionou se o vazamento poderia ter sido cometido intenciona­lmente para prejudicar o megaleilão da cessão onerosa, previsto para novembro e voltou a dizer que o óleo é venezuelan­o.

O Ibama confirmou a origem, mas disse que isso não significa que a Venezuela seja a responsáve­l pelo vazamento. A Venezuela negou na semana passada responsabi­lidade no caso.

Pelo Twitter, o presidente afirmou na quinta-feira (17) que o governo federal montou uma força tarefa para interceder no assunto. Ele cita a participaç­ão de 1.700 agentes ambientais e 50 funcionári­os da Petrobras na operação coordenada pelo Ibama.

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, por sua vez, fez dois sobrevoos no litoral para conferir as manchas de óleo. Na quarta-feira, disse que a hipótese mais provável é que o material “tenha vazado de um navio, seja durante transporte de um navio para o outro, seja uma avaria ou despejamen­to.”

A visita foi criticada pelo governador Rui Costa (PT). “Se reúne em sigilo, posa para foto na praia e vai embora. Nenhuma ligação deu. Mostra o descaso, desrespeit­o”, disse.

Salles ainda afirmou que não é possível saber quanto ainda existe de óleo no mar nem como prever se novas manchas aparecerão. Questionad­os pela ,o ministro e o MMA não respondera­m.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil