‘Brincam que sou o Bolsonaro de saias’, diz Joice Hasselmann
Joice Hasselmann, 40, não precisou de cinco minutos com Jair Bolsonaro para perceber. “A gente tem almas parecidas”, concluiu após o primeiro encontro —uma entrevista em 2014 para o portal da revista Veja, para a qual trabalhava à época. O então deputado do PP acabara de dizer à colega petista Maria do Rosário que não a estuprava “porque você não merece”.
Não à toa “brincam que sou o Bolsonaro de saias”, diz a jornalista eleita deputada com recorde de votos para uma mulher (1 milhão), pelo mesmo PSL do capitão reformado.
Sua farda, na tarde de quarta (17), era um vestido de bolinhas da Ralph Lauren. Findo o almoço no Parigi, restaurante do grupo Fasano na zona oeste paulistana), com a taça de vinho Bordeaux ainda meio cheia, continua a falar sobre o candidato “ame ou odeie”.
“Gostem ou não dele, ele atrai atenção.” Também Joice é um tipo que divide a sala.
A lista de desafetos é longa. Acusou Lula de “se enraizar como câncer pelo país” e foi por ele processada (a Justiça a absolveu). Estranhouse com Anitta após a cantora afirmar que não vota “em candidato machista”. Bolsonaro “defende a família”, enquanto funkeiros “tratam mulheres como cadela”, rebateu.
Arrumou briga até com Alexandre Frota, futuro colega do PSL na Câmara. Usou sua arma por excelência, um vídeo espalhado na internet, para fustigar “gente que fazia lá filminho pornô”. Em outro vídeo, ele a chamou de “balzaquiana da comunicação”.
Os dois entraram na leva de influenciadores digitais. Somadas todos os seus perfis em redes sociais, Joice calcula ter 3 milhões de seguidores.
Culpa a usual diatribe por acusações de plágio que teria feito como repórter. O Sindicato (categoria que odeia, a não ser que seja patronal) dos Jornalistas do Paraná chegou a bani-la após 23 profissionais a acusarem de copiar reportagens. “Arrumei inimigos dentro da imprensa”, afirma.
Opositores a acusam de alimentar fake news como um vídeo que divulgou no primeiro turno: um eleitor aperta o 1 e, automaticamente, aparece Fernando Haddad (PT).
O TRE de Minas enquadrou a notícia como falsa. Joice diz à Folha que “pegaram um vídeo só”, mas haveria “mais de cem vídeos” com fraude igual. Nenhuma prova veio à tona.
Em 2016, lançou uma biografia de Sergio Moro pra lá de benevolente com o juiz da Lava Jato. Ele foi ao lançamento.
Avessa ao feminismo (“gente chata pra caramba”), afirma que será o “braço forte de Jair” na Câmara.