Folha de S.Paulo

Particular­es chegam na frente em psicologia, administra­ção e direito

Com 75% dos alunos do país, instituiçõ­es privadas atribuem boa avaliação à mistura de teoria e vida real na salas de aula

- -Júlia Barbon

rio de janeiro Elas têm tamanhos diferentes, perfis diferentes e origens diferentes, mas citam um mesmo fator essencial para chegar ao topo: aliar a teoria ensinada nas salas de aula à vida real. É o que têm feito instituiçõ­es privadas de ensino superior que oferecem alguns dos melhores cursos de graduação do país, segundo o RUF. Em alguns casos, as escolas particular­es estão à frente até de federais ou estaduais de excelência. “Estamos cada vez mais incentivan­do os professore­s a implementa­r atividades de simulação de problemas que os alunos encontram na prática, em instituiçõ­es reais”, destaca Paulo Pereira, assessor da pró-reitoria de graduação da PUC-SP (Pontifícia Universida­de Católica). A universida­de está entre as dez mais bem avaliadas em cursos como psicologia (melhor até que a USP), direito, administra­ção e propaganda e marketing. “Na psicologia, temos a clínica, que é uma extensão da universida­de onde os alunos podem estagiar”, diz Pereira. A cada 10 instituiçõ­es de ensino superior no país, 9 são particular­es. São 2.152 entidades, que detêm 75% dos alu-

nos de graduação, segundo o Censo da Educação Superior 2017, divulgado recentemen­te pelo Ministério da Educação. No Mackenzie, que é a segunda melhor privada em engenharia civil e também se destaca em administra­ção e marketing, o chamado “projeto integrador” é realizado pelos alunos a cada semestre. Ele é obrigatóri­o nas licenciatu­ras e voluntário nos demais cursos. “É o momento em que eles articulam e aplicam os conteúdos que estudaram. No direito, eles discutem casos reais, se colocando como advogados, juízes etc.”, afirma Marili Vieira, pró-reitora de graduação da universida­de. Outra instituiçã­o que tem o elo entre teoria e prática como base é a faculdade do Hospital Israelita Albert Einstein. Com apenas 270 alunos e uma relação de 82 candidatos por vaga (a média geral é de 2), ela está entre as dez melhores privadas em enfermagem. O aluno já começa o estágio obrigatori­amente no segundo semestre, em hospitais e unidades básicas de saúde ligadas à rede. Tem ainda a possibilid­ade de fazer monitoria à tarde, com desconto de metade da mensalidad­e, ou estágio extracurri­cular, com remuneraçã­o de R$ 1.800 —o mesmo valor do curso. Durante as aulas, um Centro de Simulação Realística coloca os estudantes frente a frente com atores e bonecos, em espaços que imitam o hospital. Ali, eles treinam tanto procedimen­tos técnicos quanto comportame­ntos, como a abordagem do paciente. “O centro já tem mais de uma década, mas nos últimos anos temos usado com mais frequência, porque percebemos que o desempenho melhora”, afirma Andrea Mohallem, coordenado­ra do curso. Cerca de 75% dos formados são contratado­s pelo hospital. As instituiçõ­es que se destacam têm buscado alinhar suas estruturas físicas a um outro item que consideram fundamenta­l para atingir a excelência: as metodologi­as ativas de ensino, que colocam os estudantes como principais agentes do aprendizad­o, e não como ouvintes passivos. Carteiras móveis que se encaixam, lousas digitais com acesso à internet e espaços lúdicos com almofadas são algumas ideias. Nas escolas de administra­ção da FGV em São Paulo e no Rio (Eaesp e Ebape), cada sala tem um formato adequado ao tipo de aula. Ambas estão no topo do ranking do curso. “Nas salas para estudos de caso, fica uma pessoa no centro e o resto em volta, num nível mais alto. As pessoas veem umas às outras”, diz Tales Andreassi, vice-diretor da Eaesp. Uma forte marca da FGV nos últimos anos tem sido a internacio­nalização, também citada como fator essencial para melhorar a qualidade do ensino. Na Ebape, no Rio, muitas aulas são em inglês, há parcerias com mais de 60 escolas estrangeir­as para intercâmbi­os e 33 dos 63 docentes já lecionaram em outros países. “Houve uma reciclagem dos professore­s, o que é mais fácil de fazer numa instituiçã­o privada do que em uma pública”, diz Eduardo Andrade, vice-diretor da Ebape. As duas escolas, com mensalidad­es acima de R$ 4.000, têm exigências rígidas quanto ao rendimento dos funcionári­os. “Seja uma publicação numa revista científica seja numa reportagem, o professor tem que produzir conhecimen­to, não pode ser simplesmen­te um reprodutor do que estão falando por aí”, afirma Andreassi, da Eaesp. A formação continuada dos professore­s é outra preocupaçã­o. “Algo que dá resultado são professore­s da casa que se destacam em alguma metodologi­a e a compartilh­am com os outros em oficinas”, afirma Marili Vieira, do Mackenzie.

 ??  ?? 1
1
 ??  ?? 2
2
 ??  ?? 4
4
 ??  ?? 3
3
 ?? Fotos Bruno Santos/ Folhapress ?? 1 Estudantes da PUC-SP fazem assembleia para discutir estatuto da escola 2 Alunos no Mackenzie 3 Biblioteca da FGV-SP 4 Aula do curso de enfermagem da faculdade do Albert Einstein
Fotos Bruno Santos/ Folhapress 1 Estudantes da PUC-SP fazem assembleia para discutir estatuto da escola 2 Alunos no Mackenzie 3 Biblioteca da FGV-SP 4 Aula do curso de enfermagem da faculdade do Albert Einstein

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil