Folha de S.Paulo

A arrancada é verde

Ninguém parece ter a força do Palmeiras no fim da maratona

- Juca Kfouri Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP

É como chegar ao topo da subida que antecede a linha de chegada numa maratona.

Quem chega primeiro no fim da rampa chega em vantagem para superá-la e disparar na reta final.

Pois a reta final se aproxima. Por coincidênc­ia, o alto da montanha, a 28ª rodada, é a próxima. Depois dela, a reta final, as derradeira­s dez rodadas.

Por maior coincidênc­ia ainda, o novo líder do Brasileiro, o Palmeiras, estará no Morumbi para enfrentar o agora terceiro colocado, o São Paulo, com claros sinais de cansaço.

No próximo sábado (6), às 18h, véspera da eleição com o 13 atropeland­o o 17.

A semana se apresenta tensa. Porque o Palmeiras tem o Colo-Colo, na quarta-feira (3), com vantagem importante por estar vencendo por 2 a 0, mas sem poder descuidar, como se viu quando o adversário foi o Cerro Porteño nas mesmas circunstân­cias.

Ao Tricolor restará treinar, recuperar Everton que tanta falta tem feito e mostrar cabeça, pernas e coração para seguir em busca da sonhada taça pela sétima vez.

Os bastidores estarão agitados porque os erros de arbitragem se avolumam perigosame­nte.

Mais uma vez, contra o Cruzeiro, o Palmeiras ficou no prejuízo de um pênalti marcado a favor do adversário, em bola na mão muito fora da área e na meia-lua, para facilitar a marcação correta.

Já o Inter, beneficiad­o no jogo contra o Corinthian­s com gol em claro impediment­o, na rodada 26, teve pênalti a seu favor, na 27ª, também fora da área, embora possa reclamar de outro impediment­o mal marcado em lance que redundaria no gol do triunfo contra o Vitória, que afinal veio por 2 a 1.

Estamos chegando ao fim da maratona, diferente do atletismo, porque com obstáculos, até com aqueles que poderiam ser evitados se a CBF trocasse as mordomias para seus cartolas pelo singelo VAR.

Enquanto o São Paulo e o Inter revelam viés de queda, o Palmeiras, ao contrário, mostra a força de um elenco qualificad­o e volumoso para fazer o esforço final.

Mostrou como no embate com o Cruzeiro, capaz de superar o revoltante erro da arbitragem e fazer indiscutív­el 3 a 1 para assumir a liderança durante o almoço dominical, no lanche, jantar, dormir e acordar em primeiro lugar.

O Tricolor, ao contrário, apesar de ter visto escapar a virada sobre o Botafogo em dois milagres seguidos do goleiro carioca, nos acréscimos de seu sofrido, e sofrível, empate por 2 a 2, no estádio Nilton Santos.

Era jogo para ganhar e impedir mais oxigênio ao fôlego alviverde.

Para dramatizar ainda mais a próxima rodada, na sexta (5), às 19h, na Ilha do Retiro, no Recife, o Inter pode assumir a liderança caso passe pelo Sport, em penúltimo lugar.

O Grêmio, fungando no cangote, a tudo assistirá antes de receber o Bahia, também no sábado, mas às 21h.

Descartemo­s, por ora, o Flamengo, que ainda pode, mas parece anêmico, sem poder, em sua volta à Arena Corinthian­s, na sexta à noite.

Porque agora não é mesmo mais hora de reclamar do nível técnico dos jogos, tamanha a tensão vivida pelos candidatos ao título no fim de semana, entre outras coisas porque tanto a vitória palmeirens­e, sobre os reservas cruzeirens­es, quanto o empate são-paulino, não foram ruins de serem vistos.

Estamos, sim, naquela hora decisiva que separa os homens dos meninos.

Será preciso estar atento e forte.

Emoção não faltará.

Que os deuses dos estádios impeçam a barbárie dos apitadores.

Para, no domingo (7), votarmos em paz e sem tapetão.

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