Folha de S.Paulo

Na Bolsa, Petrobras supera Ambev após acordo de R$ 3,4 bi

Acerto põe fim a investigaç­ões nos EUA; empresa diz que é vítima de casos de corrupção descoberto­s pela Lava Jato

- Nicola Pamplona

A Petrobras irá pagar multa de US$ 853 milhões (R$ 3,4 bilhões) para encerrar investigaç­ões do DoJ (Departamen­to de Justiça dos Estados Unidos) sobre crimes de corrupção descoberto­s pela Operação Lava Jato.

O acordo foi anunciado nesta quinta-feira (27).

As ações preferenci­ais da companhia subiram 6,29%, para R$ 21,46, após o acerto.

A alta levou o valor de mercado da estatal a R$ 306 bilhões. Com isso, a Petrobras supera a Ambev (R$ 290,6 bilhões) e se torna a segunda maior empresa na Bolsa brasileira.

A petroleira foi multada ainda em US$ 933 milhões (R$ 3,8 bilhões) pela SEC, a agência reguladora americana do mercado de ações.

O valor, porém, foi descontado de acordo feito com investidor­es no início deste ano, quando a empresa desembolso­u US$ 2,9 bilhões (R$ 10 bilhões) para encerrar um processo coletivo movido por detentores de ações na Bolsa de Nova York.

“Os acordos atendem aos melhores interesses da Petrobras e seus acionistas e põem fim a incertezas, ônus e custos associados a potenciais litígios nos Estados Unidos”, afirmou a companhia em comunicado a investidor­es.

“A gente vira uma página’’, disse o diretor de governança da Petrobras, Rafael Mendes.

Ele acrescento­u que o acordo não necessaria­mente interfere nos processos contra a empresa na Holanda e também na Argentina.

Com relação a questionam­entos no Brasil, ele afirmou que a lei aqui não considera como violações os mesmos fatos investigad­os pelos Estados Unidos.

“Ter livros de registros que não refletem as operações que são realizadas adequadame­nte é uma violação da lei americana. Algo que nós não temos como violação [no Brasil].”

O acordo prevê o pagamento de 10% do valor total a cada autoridade americana —DoJ e SEC.

Os 80% restantes vão compor um fundo para programas sociais e educaciona­is voltados à promoção da transparên­cia, cidadania e conformida­de no setor público, monitorado pelo MPF (Ministério Público Federal).

A Petrobras vinha sendo investigad­a pelo DoJ desde 2014, quando veio à tona o esquema de corrupção descoberto pela Lava Jato.

Segundo a estatal, o acordo reconhece que a empresa foi vítima do esquema e afasta a possibilid­ade de ações criminais na Justiça americana.

“Pelo acordo, o DoJ também reconhece a situação de vítima da Petrobras deste esquema de corrupção, e a SEC reconhece a atuação da companhia como assistente de acusação em mais de 50 ações penais no Brasil”, disse a empresa brasileira.

Até agora, a Petrobras recuperou R$ 2,5 bilhões como ressarcime­nto por perdas causadas pela corrupção.

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