Na Bolsa, Petrobras supera Ambev após acordo de R$ 3,4 bi
Acerto põe fim a investigações nos EUA; empresa diz que é vítima de casos de corrupção descobertos pela Lava Jato
A Petrobras irá pagar multa de US$ 853 milhões (R$ 3,4 bilhões) para encerrar investigações do DoJ (Departamento de Justiça dos Estados Unidos) sobre crimes de corrupção descobertos pela Operação Lava Jato.
O acordo foi anunciado nesta quinta-feira (27).
As ações preferenciais da companhia subiram 6,29%, para R$ 21,46, após o acerto.
A alta levou o valor de mercado da estatal a R$ 306 bilhões. Com isso, a Petrobras supera a Ambev (R$ 290,6 bilhões) e se torna a segunda maior empresa na Bolsa brasileira.
A petroleira foi multada ainda em US$ 933 milhões (R$ 3,8 bilhões) pela SEC, a agência reguladora americana do mercado de ações.
O valor, porém, foi descontado de acordo feito com investidores no início deste ano, quando a empresa desembolsou US$ 2,9 bilhões (R$ 10 bilhões) para encerrar um processo coletivo movido por detentores de ações na Bolsa de Nova York.
“Os acordos atendem aos melhores interesses da Petrobras e seus acionistas e põem fim a incertezas, ônus e custos associados a potenciais litígios nos Estados Unidos”, afirmou a companhia em comunicado a investidores.
“A gente vira uma página’’, disse o diretor de governança da Petrobras, Rafael Mendes.
Ele acrescentou que o acordo não necessariamente interfere nos processos contra a empresa na Holanda e também na Argentina.
Com relação a questionamentos no Brasil, ele afirmou que a lei aqui não considera como violações os mesmos fatos investigados pelos Estados Unidos.
“Ter livros de registros que não refletem as operações que são realizadas adequadamente é uma violação da lei americana. Algo que nós não temos como violação [no Brasil].”
O acordo prevê o pagamento de 10% do valor total a cada autoridade americana —DoJ e SEC.
Os 80% restantes vão compor um fundo para programas sociais e educacionais voltados à promoção da transparência, cidadania e conformidade no setor público, monitorado pelo MPF (Ministério Público Federal).
A Petrobras vinha sendo investigada pelo DoJ desde 2014, quando veio à tona o esquema de corrupção descoberto pela Lava Jato.
Segundo a estatal, o acordo reconhece que a empresa foi vítima do esquema e afasta a possibilidade de ações criminais na Justiça americana.
“Pelo acordo, o DoJ também reconhece a situação de vítima da Petrobras deste esquema de corrupção, e a SEC reconhece a atuação da companhia como assistente de acusação em mais de 50 ações penais no Brasil”, disse a empresa brasileira.
Até agora, a Petrobras recuperou R$ 2,5 bilhões como ressarcimento por perdas causadas pela corrupção.