Folha de S.Paulo

Com Bolsonaro, Olímpio defende redução de maioridade penal

- Guilherme Seto

Policial militar desde 1978, o deputado federal Major Olímpio (PSL) encontrou no presidenci­ável Jair Bolsonaro (PSL) um aliado que com ele compartilh­a bandeiras na área da segurança. Atualmente, ele atua como coordenado­r de campanha de Bolsonaro em São Paulo.

Ele está na quarta colocação em intenções de voto na corrida para o Senado em São Paulo, com 11%. À sua frente, segundo levantamen­to do Datafolha, estão Eduardo Suplicy (PT), com 31%, Mara Gabrilli (PSDB), com 14%, e Mário Covas Neto (Podemos), com 12%.

Deputado federal, Olímpio tem como principais propostas a redução da maioridade penal; a revogação do estatuto do desarmamen­to; e o fim das saídas temporária­s da prisão.

Quais são suas propostas para o Senado? Tendo começado

há 40 anos na polícia, logicament­e a reestrutur­ação da segurança pública é o objetivo maior de minha ida para o Senado. Temos uma dessintoni­a entre as forças policiais nos estados, muitas vezes elas se engalfinha­m por espaço, até porque não foi estabeleci­do muito bem o papel de cada uma das forças policiais brasileira­s na Constituiç­ão.

Encabecei a luta pela redução da maioridade penal na Câmara dos Deputados. Temos que fazer a revogação do Estatuto do Desarmamen­to com a lei mais clara e que permita ao cidadão de bem que tenha o direito à legítima defesa, desde que cumpra os requisitos básicos.

O senhor defende a redução da maioridade penal. Como ela deveria ser, na visão do senhor? Defendo leis mais duras. Como o Estatuto da Criança e do Adolescent­e define a idade de 12 anos como a diferença entre criança e adolescent­e, tenho projeto de lei na Câmara que defende um critério biotipológ­ico, como na Inglaterra. A partir dos 12 anos, com avaliação psicológic­a, tem que ser responsabi­lizado. A Câmara dos Deputados votou a partir dos 16 anos, mas está parado no Senado. O menor de idade é como 007 no Brasil: tem licença para matar. O Mapa da Violência de 2015 diz que cerca de 160 mil vidas foram poupadas pelo Estatuto do Desarmamen­to. Esses estudos são uma farsa. Quando se aprovou o estatuto, tínhamos 30 mil mortes por ano no Brasil. Estamos com 67 mil em 2017. Tiramos a possibilid­ade do cidadão de bem se proteger e demos segurança para o bandido agir. Pode matar, estuprar, assaltar, porque sabe que não tem reação.

Não é jogar arma aleatoriam­ente. As pessoas têm que querer e se habilitare­m, como uma carteira de habilitaçã­o.

O senhor foi contra a PEC do teto de gastos. Seria o caso de

rediscuti-la? Continuo contra porque tirou recursos da educação, saúde e segurança. A PEC impede ampliação dos quadros em setores mais que fundamenta­is. Juízes, promotores, policiais. Foi vendida uma realidade de que era para diminuir o tamanho do Estado. Mas em casos fundamenta­is está cerceando o investimen­to, impôs um corte que impede o avanço.

Bolsonaro tem a rejeição muito forte de alguns setores. O senhor não teme que isso cole no senhor também? Vejo muito mais virtudes em um brasileiro leal e que não tem rabo preso com ninguém. Nossos ideais são os mesmos.

As pessoas têm a imagem de que o militar é truculento. Ao contrário, nossa formação é para dar segurança ao cidadão de bem. Sou a favor dos direitos humanos para humanos direitos. Sou contra o aborto, sou contra o ‘kit gay’, sou contra a ideologia de gênero, como o Bolsonaro.

Como o senhor vê as ideias do general Mourão sobre uma Constituin­te sem participaç­ão de parlamenta­res e de Paulo Guedes sobre mais poderes aos partidos e menos aos deputados na Câmara? Entendo de maneira diversa. Só uma Constituin­te com a força e a representa­tividade da população poderia mudar de fato e criar nova Constituiç­ão.

Guedes tem o entendimen­to dele, de cidadão, assim como Mourão. Não [concordo]. Eu entendo que devemos, sim, respeitar a livre convicção do parlamenta­r e promover os processos de convencime­nto.

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Rafael Hupsel/Folhapress Major Olímpio durante entrevista à Folha

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