Folha de S.Paulo

Mídia social suplanta TV e expõe ‘fraturas na democracia’, diz FT

- Nelson de Sá nelson.sa@grupofolha.com.br

Em reportagem de página inteira, o Financial Times destaca “Como a mídia social expôs as fraturas na democracia brasileira”. Vê o país como “mais vulnerável a um choque político radical que talvez qualquer outra democracia no mundo”.

O texto abre com um “guerreiro cultural” de Bolsonaro se vanglorian­do de “brigas online”, inclusive com o Jornal Nacional —que o FT descreve como “o telejornal mais popular, que antes da era da mídia social exercia o poder de determinar vencedores e perdedores nas eleições”.

O jornal sublinha declaração de Marco Aurélio Ruediger, da FGV: “Você tem uma situação em que as redes sociais estão extremamen­te polarizada­s, e a TV foi enfraqueci­da como veículo através do qual ganhar corações e mentes. O Brasil vai se tornar um caso a ser estudado, que vai reverberar através do mundo, porque as redes são uma força monstruosa­mente poderosa nesta eleição”.

Após ouvir de Fabrício Benevenuto, da UFMG, que os brasileiro­s estão vivendo em “universos paralelos”, o FT encerra afirmando que o futuro pode ter chegado “finalmente” ao país do futuro, mas na forma de uma “profunda distopia”.

a salvo O ex-chanceler mexicano Jorge Castañeda, professor da New York University, voltou a escrever sobre o Brasil, agora em coluna distribuíd­a pelo Project Syndicate. Em suma, diz que “a interpreta­ção estrita” que levou o Supremo a “banir o ex-presidente Lula da eleição pode abrir o caminho para um resultado que subverta o estado de direito —e derrube com ele a democracia”. No final, é ainda mais direto: “Se dependesse de mim, eu teria permitido que Lula participas­se, assegurand­o que a democracia do Brasil estivesse a salvo de Bolsonaro”.

sinistro O ator e apresentad­or inglês Stephen Fry gravou um vídeo compartilh­ado em mídia social pelo BuzzFeed, ecoando por Guardian e outros, em que descreve Bolsonaro como “genuinamen­te aterroriza­nte”. Fry entrevisto­u o brasileiro em 2013 para a BBC, no que lembra como “um dos confrontos mais sinistros que já tive com um ser humano”.

reality Na home do Guardian, “Bolsonaro lidera corrida presidenci­al do Brasil da cama do hospital”. Diz que o candidato “jogou sabiamente com suas cartas políticas desde o esfaqueame­nto, transforma­ndo seu exílio forçado da campanha num reality show que garantiu a ele lugar nas primeiras páginas, dia após dia”.

haddad lá O candidato petista deu entrevista­s para Wire e para a esquerdist­a Jacobin, esta com sua foto, o enunciado “O próximo presidente do Brasil” e o alerta, na apresentaç­ão, de que pode “depender dele a preservaçã­o da democracia brasileira”. A Wire, que repercutiu por Vox e outros, também deixa claro de que lado está, sob o título “Ódio ou esperança: Em uma eleição amarga, o Brasil luta por sua alma e sua democracia”.

braço longo FT e Wall Street Journal chegaram a dar em manchete que a “Petrobras pagará US$ 853 milhões para resolver acusações de suborno”. Diferentem­ente da cobertura de acordo semelhante em janeiro, quando o WSJ foi atrás de questionam­entos à decisão da estatal, agora só se ouviram elogios, de analistas brasileiro­s de XP e Eleven. E texto de opinião da Reuters festejou abertament­e “o longo braço da Justiça americana”.

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