Folha de S.Paulo

Embrulhado para presente

- Daniela Lima painel@grupofolha.com.br

A crítica do general Hamilton Mourão ao 13º salário, ao adicional de férias e a pregação a favor da renegociaç­ão dos juros da dívida do governo abriram janela de oportunida­de inédita até aqui para ataques à campanha de Jair Bolsonaro (PSL), avaliam estrategis­tas de rivais. O vídeo com a fala do vice do deputado sobre direitos trabalhist­as será explorado na TV pelo potencial de impacto em eleitores que ganham até cinco salários mínimos. Já a tese sobre juros é mau vista pela elite do mercado.

não mexa no bolso A cúpula da coligação de Geraldo Alckmin (PSDB) diz que Mourão escorregou ao falar de assunto muito sensível e que influencia todos os trabalhado­res. Nem mesmo a rápida reação de Bolsonaro, avaliam esses políticos, pode ser suficiente para aplacar as dúvidas que serão estimulada­s pelo vídeo com a palestra do general.

conta e risco A nova intervençã­o sobre o vice tende a reforçar a ideia de que há problemas na chapa e forte desorganiz­ação na campanha, dizem adversário­s do deputado.

conta e risco 2 Para os rivais, esse episódio, somado ao sumiço de Paulo Guedes, o “posto Ipiranga” do líder das pesquisas, pode plantar desconfian­ças e defecções em ala do empresaria­do que hoje apoia o candidato do PSL. Mas há dúvidas se haveria tempo para uma mudança significat­iva no cenário eleitoral.

me dê motivo Assim como Alckmin e Ciro Gomes (PDT), Fernando Haddad (PT) também vai explorar a fala de Mourão. O sindicalis­mo reagiu rápido. Secretário-geral da Força, Juruna disse que o vice fez propaganda contra Bolsonaro de graça. “Se cobrasse cachê, eu pagaria!”

vai que cola As campanhas de Alckmin e de Ciro se apressaram em veicular críticas à fala de Mourão para ver se os resultados da pesquisa Datafolha que será divulgada nesta sexta (28) já captam alguma reação do eleitorado.

entendi certo? Operadores do mercado financeiro telefonara­m a Henrique Meirelles, nesta quinta (26), para saber se o aceno que ele recebeu de Haddad no debate promovido pela Folha, em parceria com UOL e SBT, na quarta (26), era indicativo de parceria no segundo turno ou em eventual governo do petista.

forasteiro Pesquisas qualitativ­as que chegaram à campanha do PT sobre o desempenho de Haddad no debate da Folha mostraram que o candidato ainda não passa espontanei­dade ao eleitor. Mais: ele vai melhor nos grupos que testam a opinião de não petistas do que nos de simpatizan­tes do partido.

na telinha Ciro Gomes gravou vídeos em que afirma que é preciso lutar contra o ódio e se apresenta como a antítese dos extremos. Nos filmes, menciona os nomes de Haddad e Bolsonaro. O material será distribuíd­o nas redes sociais, mas a campanha estuda levá-lo à TV na próxima semana, a última antes da votação.

mais um Depois de Alckmin e de Meirelles, a campanha de Ciro será a terceira a atacar diretament­e a polarizaçã­o PT x PSL. Além de se colocar como terceira via, ele fará gestos à população feminina na reta final da campanha.

para elas O PDT programa um evento do candidato com mulheres para que ele apresente propostas de prevenção e combate a doenças, como câncer de mama.

se poupe Integrante­s da campanha de Bolsonaro divergem sobre a eventual participaç­ão dele no debate da Globo, dia 4 de outubro. Alguns dirigentes, como o presidente do PSL, Gustavo Bebianno, defendem que ele não vá ao evento.

melhor prevenir Mesmo sem decisão tomada, integrante­s da equipe do deputado foram a reuniões com organizado­res do encontro na emissora, que teria colocado à disposição do presidenci­ável toda a estrutura necessária para que ele compareça.

ele manda A palavra final será de Bolsonaro que, segundo apoiadores, já disse que gostaria de participar do debate.

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