Folha de S.Paulo

No primeiro debate como candidato do PT, Haddad rivaliza com Alckmin

Na TV Aparecida, petista atacou rivais por governo Temer, foi cobrado por legado de Dilma e ouviu críticas de Alckmin

- Anna Virginia Balloussie­r, Isabel Fleck, Joelmir Tavares

Em seu primeiro debate como candidato do PT à Presidênci­a da República, Fernando Haddad protagoniz­ou confrontos na noite desta quinta-feira (20) na TV Aparecida.

O ex-prefeito rivalizou com o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB), que criticou o PT por “lançar candidatur­a na porta de cadeia”. Haddad foi oficializa­do candidato no dia 11 em substituiç­ão ao ex-presidente Lula, preso em Curitiba.

O petista questionou o tucano sobre o apoio do PSDB à gestão Michel Temer (MDB), chamada por ele de “governo Temer-PSDB”, e contestou a reforma trabalhist­a e a emenda de teto dos gastos, que julga prejudicia­is ao trabalhado­r.

“Quem escolheu o Temer foi o PT. Ele era vice da Dilma. Aliás, reincident­es, porque escolheram o Temer duas vezes”, rebateu Alckmin, que cobrou o petista pela “herança da Dilma e do PT” na economia.

“Quebraram o Brasil, destruíram as empresas estatais, o petrolão foi o maior esquema do mundo de desvio de dinheiro público”, continuou.

Haddad retrucou: “Quem se uniu ao Temer para trair a Dilma foi o PSDB. Ele [o partido] que colocou o Temer lá e um programa totalmente diferente do aprovado pelas urnas”.

O tucano e o petista também se enfrentara­m ao discutir a autocrític­a de seus partidos. Haddad lembrou afirmações do presidente do PSDB, Tasso Jereissati, de que a sigla errou ao questionar o resultado da eleição de 2014 e ao embarcar no governo Temer.

“Todos os partidos estão fragilizad­os e todos deveriam fazer autocrític­a. Mas o PT, em vez de fazer autocrític­a, lança candidatur­a na porta de cadeia”, afirmou Alckmin.

Haddad também teve embates com Henrique Meirelles (MDB). O ex-ministro da Fazenda de Michel Temer defendeu sua atuação no cargo. “Essa crise, candidato, talvez seja o caso de você se informar melhor, mas essa crise foi criada pelo governo da Dilma.”

“Eu considero a ingratidão o maior dos pecados na política”, respondeu o petista, lembrando que Meirelles foi por oito anos o presidente do Banco Central do governo Lula.

Ele aproveitou para criticar as novas regras trabalhist­as. “Nós temos que rever a legislação aprovada durante seu mandato no Ministério da Fazenda para recuperar a confiança do povo. Porque talvez o senhor tenha recuperado a confiança dos banqueiros da Faria Lima”, disse o ex-prefeito.

“Essa crise foi criada no governo Dilma”, afirmou Meirelles. O apadrinhad­o de Lula ressaltou os 12 anos de “estabilida­de democrátic­a” do PT, em que foram “criados 20 milhões de postos de trabalho”.

Haddad é o segundo colocado na mais recente pesquisa Datafolha, com 16% das intenções de voto. Jair Bolsonaro (PSL) lidera, com 28%.

O capitão reformado não participou do debate, realizado pela CNBB (Conferênci­a Nacional dos Bispos do Brasil), porque está internado após sofrer um ataque a faca durante ato de campanha.

Mesmo ausente, Bolsonaro não foi poupado, principalm­ente por Marina Silva (Rede). A candidata atacou a proposta de criação de imposto nos moldes da extinta CPMF.

“Eu fiquei vendo essa confusão entre o candidato [...] e o seu economista-mor, Paulo Guedes, que ele diz que é o Posto Ipiranga, e eu vejo que já está tendo um incêndio no Posto Ipiranga. Alguma coisa está acontecend­o lá, pois eles não estão se entendendo.”

A ex-senadora deu a deixa para Meirelles falar, em alusão a Bolsonaro, do risco de eleger “alguém que não tem preparo para administra­r o país, principalm­ente quem não tem preparo em economia”.

Marina disse que a visão de país do deputado federal é “nefasta” e precisa ser combatida. A ex-senadora qualificou como desastrosa a fala do vice dele, Hamilton Mourão (PRTB), de que casa só com mãe e avó é “fábrica de desajustad­os” para o tráfico de drogas.

Os outros convidados foram Ciro Gomes (PDT), Alvaro Dias (Podemos) e Guilherme Boulos (PSOL). Temas como saúde, corrupção, segurança, educação, imigração e igualdade de gênero foram discutidos.

Ciro questionou Haddad sobre sua proposta para o sistema tributário e disse que o PT perdeu a oportunida­de de fazer mudanças quando governou. “Por que razão o eleitor deveria acreditar nessas propostas na sua possível gestão se o seu partido esteve no governo por 14 anos e não fez?”

O petista (que disputa o eleitorado de esquerda com ele) respondeu que Lula “fez uma das maiores reformas tributária­s às avessas”, ao “colocar dinheiro na mão dos pobres”.

Cabo Daciolo (Patriota) alegou “incompatib­ilidade de agenda” para se ausentar do debate. A assessoria do candidato informa que ele está em um monte jejuando até o dia 26.

 ??  ?? Haddad (PT), Alckmin (PSDB), Meirelles (MDB), Boulos (PSOL), Ciro (PDT), Alvaro (Pode) e Marina (Rede) chegam ao debate
Haddad (PT), Alckmin (PSDB), Meirelles (MDB), Boulos (PSOL), Ciro (PDT), Alvaro (Pode) e Marina (Rede) chegam ao debate
 ?? Diego Padgurschi/Folhapress, Paulo Whitaker/Reuters e Bruna Grassi/Brazil Photo Press/Ag. O Globo ??
Diego Padgurschi/Folhapress, Paulo Whitaker/Reuters e Bruna Grassi/Brazil Photo Press/Ag. O Globo
 ??  ??
 ??  ??
 ??  ??
 ??  ??
 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil