Folha de S.Paulo

Linha de sucessão

- Daniela Lima painel@grupofolha.com.br

A saída de cena de Jair Bolsonaro (PSL) da linha de frente da campanha presidenci­al abriu novo espaço às disputas internas na cúpula da coligação dele. Integrante­s do PSL que há tempos criticam o protagonis­mo de Gustavo Bebianno, presidente interino da legenda e braço direito do presidenci­ável, esperam que agora ele perca força e poder decisório. Essa ala da sigla atua para que os filhos do deputado —Flávio, Eduardo e Carlos— passem a ditar os rumos do partido na eleição.

não nasceu ontem Como mostrou o Painel em julho, a atuação de Bebianno é criticada no PSL. Até parentes do presidenci­ável reclamam da ascendênci­a do auxiliar sobre Bolsonaro. Recentemen­te, as rusgas se tornaram públicas.

deixe que digam A campanha de Guilherme Boulos (PSOL) orientou seus simpatizan­tes a não responder a provocaçõe­s de partidário­s de Bolsonaro. A avaliação é a de que como Adélio Bispo de Oliveira, o homem que esfaqueou o candidato, foi filiado ao PSOL de 2007 a 2014, o ânimo entre as duas militância­s tende a se acirrar.

um puxa o outro Os desdobrame­ntos políticos do ataque a Bolsonaro preocupam o PT do Rio. Explica-se: César Maia (DEM) disputa uma das duas vagas de senador escorado em Eduardo Paes (DEM), líder isolado da corrida ao governo. O favoritism­o deste, avaliam os petistas, deve ajudar o DEM na corrida ao Senado.

efeito colateral Nesse cenário, a disputa pela outra vaga de senador se dará entre Lindbergh Farias (PT) e Flávio Bolsonaro (PSL), filho do presidenci­ável alvo de ataque.

deu para ti A procurador­ageral da República, Raquel Dodge, pediu o arquivamen­to de todas as acusações feitas contra o deputado Fábio Faria (PSD-RN) por Ricardo Saud, delator da JBS. No despacho, afirma que “não foi possível colher nenhum elemento” que comprovass­e as declaraçõe­s do colaborado­r.

deu para ti 2 O caso ganhou destaque em meio ao escândalo da JBS porque Saud disse que a mulher de Fábio, Patrícia, filha de Silvio Santos, participou de um jantar no qual os homens teriam falado de repasses. O deputado sempre rechaçou o relato. A apresentad­ora se envolveu pessoalmen­te na defesa dele.

paga para ver Na tentativa de mensurar melhor a percepção de seu eleitorado sobre o atentado a Bolsonaro, o PT submeteu o noticiário do ataque a pesquisas qualitativ­as. Os resultados fizeram a cúpula da sigla levantar dúvidas sobre o impacto que o episódio terá nas intenções de votos.

não, gente Segundo dirigentes do PT, não são poucas as reações que, de alguma forma, relativiza­m o atentado citando falas polêmicas de Bolsonaro sobre o ataque a tiros à caravana de Lula ou na votação do impeachmen­t de Dilma.

não, não, não A sigla, porém, vai continuar desestimul­ando oficialmen­te qualquer manifestaç­ão com esse tipo de comparação.

perdido entre os polos Aliados de Geraldo Alckmin, o presidenci­ável do PSDB, temem que a condição de vítima ajude Bolsonaro a diminuir sua rejeição e transforme a eleição no que chamam de uma disputa entre “dois mitos”: o que sofreu um atentado e o que está preso em Curitiba.

cabeça e coração Presidente do maior partido da coligação de Alckmin, o senador Ciro Nogueira (PP-PI), candidato à reeleição, fez um programa inteiro na TV com o tema “Sou Lula”. “Sou um dos milhões de brasileiro­s que são Lula”, disse. No Piauí, o petista passava de 70% das intenções de voto.

tela em branco A propaganda gratuita gerou uma crise entre integrante­s da coligação Rede e PMN em São Paulo. Durante toda a primeira semana do horário eleitoral, os nomes dos candidatos a cargos na Câmara e na Assembleia não foram ao ar.

paciência A cúpula da Rede alega falta de recursos. Quem está de fora da TV e do rádio reclama da desorganiz­ação.

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