Folha de S.Paulo

Em busca de visibilida­de e dinheiro, esportes olímpicos mudam torneios

Competiçõe­s tradiciona­is, como a Copa Davis e o Mundial de basquete, passam por reformulaç­ão

- Marcelo Laguna

As recentes mudanças aprovadas para a Copa Davis de tênis não foram um fato isolado no esporte internacio­nal. Algumas modalidade­s olímpicas estão implementa­ndo alterações consideráv­eis em suas competiçõe­s, buscando maior visibilida­de para patrocinad­ores —e, por tabela, mais dinheiro.

A ITF (Federação Internacio­nal de Tênis) aprovou em agosto profundas alterações em sua mais antiga competição, criada em 1900. Entre outra mudanças, o torneio terá fase final com sede fixa e 18 países participan­tes divididos em grupos, formato similar a competiçõe­s de futebol.

Não por acaso. A alteração ocorreu com a promessa de investimen­to de US$ 3 bilhões (R$ 12,5 bilhões) nos próximos 25 anos pelo grupo europeu Kosmos, que tem entre seus acionistas o zagueiro Gerard Piqué, do Barcelona.

Assim como no tênis, o basquete internacio­nal também experiment­a uma mudança radical em um de seus mais importante­s torneios.

O Mundial masculino —rebatizado de Copa do Mundo— será realizado na China em 2019 com mais participan­tes e um novo formato.

Além de aumentar o número de seleções de 24 para 32, a Fiba (Federação Internacio­nal de Basquete) mudou o sistema de classifica­ção, com jogos espalhados de novembro de 2017 a fevereiro de 2019, sistema parecido ao das eliminatór­ias do Mundial de futebol.

No próximo dia 13 de setembro, a seleção brasileira estreia na segunda fase do qualificat­ório das Américas enfrentand­o o Canadá na cidade de La- val. No segundo jogo desta janela, dia 16, receberá em Goiânia a equipe das Ilhas Virgens.

“A grande sacada da Fiba, na minha opinião, foi aproximar as seleções de suas torcidas”, afirmou Renato Lamas, gerente técnico das seleções masculinas da CBB (Confederaç­ão Brasileira de Basquete).

“No formato da antiga Copa América, com sede única, isso é mais complicado. Neste novo modelo, já jogamos no Rio, em Goiânia, vamos repetir Goiânia agora. Pode ser que em uma próxima janela a gente jogue em São Paulo ou Recife”, completou.

A Fiba diz que o aumento de exposição das seleções foi o ponto principal para implementa­r as alterações.

“As competiçõe­s de seleções nacionais estavam ocorrendo apenas entre agosto e setembro, reduzindo a visibilida­de das equipes. Ao contrário de outros esportes coletivos, não havia jogos regulares para as seleções em casa”, afirmou a Fiba sobre as mudanças.

A entidade alega também que este novo sistema trará benefícios para os atletas, reduzindo, de acordo com seus cálculos, a carga de trabalho de 20% a 25%, dependendo do continente. A questão financeira sobre as mudanças nas eliminatór­ias, contudo, ainda é uma incógnita.

“Os gastos ainda são grandes. Vamos para o Canadá no dia 7 e faremos lá a preparação para o jogo, no dia 13. Depois, retornamos ao Brasil para o segundo jogo. Antes, com a Copa América, era uma viagem só para fazer toda a competição. Teoricamen­te, você compensa isso com a venda de ingressos e direitos de TV”, disse Lamas.

No atletismo, a revitaliza­ção de um antigo torneio veio acompanhad­a de uma bela compensaçã­o em dinheiro.

Disputada pela primeira vez em 1977, a antiga Copa do Mundo era um torneio por equipes dos cinco continente­s e equipes individuai­s dos EUA, URSS (depois Rússia), Grã-Bretanha e uma equipe do país-sede. Ficou em segundo plano após a criação do Campeonato Mundial, em 1983.

Rebatizado pela Iaaf (Associação Internacio­nal de Federações de Atletismo) de Copa Continenta­l em 2010, o torneio é realizado a cada quatro anos, com a participaç­ão de equipes da Europa, Amé- ricas, África e Ásia/Pacífico.

Em sua terceira edição, marcada para Ostrava, na República Tcheca, nos dias 8 e 9 de setembro, a competição agora será embalada por uma premiação de US$ 2,5 milhões (R$ 10,4 milhões).

A Copa Continenta­l tem como uma das estratégia­s para atrair as maiores estrelas do atletismo mundial prêmios para as 34 provas individuai­s.

O vencedor embolsa US$ 30 mil (R$ 124,5 mil), o segundo US$ 15 mil (R$ 62,2 mil) e assim por diante, até US$ 1 mil (R$ 4,1 mil) para o oitavo. Ou seja, todo mundo sai ganhando.

Como comparação, a Liga Diamante, principal circuito de provas de atletismo, distribuí US$ 100 mil (R$ 415,1 mil) em prêmios por prova, contra US$ 75 mil (R$ 311,4 mil) da Copa Continenta­l.

O vôlei também mudou uma das principais competiçõe­s de seu calendário internacio­nal tendo a questão financeira como pano de fundo.

Neste ano, a Liga Mundial masculina e o Grand Prix feminino passaram a se chamar Liga das Nações. Em novo formato, agora com 16 participan­tes, o evento aumenta a exposição das seleções, com uma fase de classifica­ção onde todos se enfrentam.

São distribuíd­os US$ 13 mil (R$ 53,9 mil) a cada partida, com o vencedor ganhando US$ 9 mil (R$ 37,3 mil) e o perdedor, US$ 4 mil (R$ 16,6 mil).

A grande novidade foi a igualdade na premiação para homens e mulheres. Tanto a Rússia (campeã da edição masculina) quanto os Estados Unidos (vencedores no feminino) receberam o prêmio de US$ 1 milhão (R$ 4,1 milhões).

 ?? David Gray/Reuters ?? BOLT FAZ SUA ESTREIA POR TIME AUSTRALIAN­O Tricampeão olímpico dos 100 m e 200 m, o jamaicano Usain Bolt jogou por 20 minutos na vitória por 6 a 1 do Central Coast Mariners (AUS) contra time amador
David Gray/Reuters BOLT FAZ SUA ESTREIA POR TIME AUSTRALIAN­O Tricampeão olímpico dos 100 m e 200 m, o jamaicano Usain Bolt jogou por 20 minutos na vitória por 6 a 1 do Central Coast Mariners (AUS) contra time amador

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