Folha de S.Paulo

As chuteiras belgas

- Juca Kfouri Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP

Gosto do time belga e desde sempre o incluí entre os meus favoritos ao título.

Verdade que a lista era grande, com oito seleções, e só quatro permanecem, nesta ordem: França, Brasil, Bélgica e Uruguai. Espanha, Alemanha, Argentina e Portugal ficaram pelo caminho. Do seleto clube de oito campeões mundiais, sobraram quatro: Brasil, França, Inglaterra e Uruguai.

Gosto do goleiro belga do Chelsea, Thibaut Courtois, 26 anos, um dos melhores do mundo. Gosto do zagueiro do Manchester City, Vincent Kompany, 32, apesar de numa defesa lenta, como ficou claro contra o Japão.

Sou fã do meia Kevin De Bruyne, 27, também do Manchester City, cujo futebol Pep Guardiola aprimorou, embora ainda não tenha feito uma grande exibição nesta Copa do Mundo, o que só aumenta minha preocupaçã­o, porque vai que ele resolve jogar exatamente contra a seleção brasileira.

Não há como deixar de admirar o talento do outro meia, Eden Hazard, 27, também do Chelsea, driblador emérito, armador pela esquerda que já vem fazendo ótima Copa e disse sonhar com encontrar os brasileiro­s na final, coisa que já fez uma vez, quando perdeu para o Corinthian­s de Tite na decisão do Mundial de Clubes da Fifa, em 2012.

Paulinho estava no jogo, em Yokohama, no Japão, como estará nesta sexta (6) em Kazan, uma cidade muçulmana na Rússia, capital da República do Tatarstão, moderna e misteriosa.

E como não gostar do centroavan­te do Manchester United, Romelu Lukaku, 25, 1,91 m, que além de fazer gols tem personalid­ade extraordin­ária?

Até com o reserva Fellaini, 30, outro do Manchester United, simpatizo, talvez por seu jeitão me lembrar o Doutor Sócrates.

A verdade é que o futebol belga me atrai ainda antes de ter motivo esportivo por um episódio acontecido na cidade-cenário de Bruges, a 88 km de Bruxelas, no século passado.

Ao passar na frente de uma pequena sapataria, vi uma chuteira que me pareceu de bronze. Quis comprá-la, mas o dono se recusou a vendê-la, porque a tinha eternizado com um banho metálico depois de usá-la pelo time local, onde havia sido profission­al. Insisti, em vão.

Voltei no dia seguinte e no terceiro, quando, enfim, ele cedeu —ou me vendeu uma outra chuteira submetida ao mesmo tratamento, até hoje em minha estante. Só sei que desde então sou apaixonado pelas chuteiras belgas.

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