Folha de S.Paulo

UE fecha acordo para conter fluxo de imigrantes

- Reuters, AFP e Associated Press; com informaçõe­s de Diogo Bercito, de Madri

O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, informou na madrugada desta sexta-feira (29, noite de quinta no Brasil) que os líderes da União Europeia (UE) chegaram a um acordo sobre imigração ao bloco.

O assunto era o principal tema da reunião dos chefes de governo devido ao crescente atrito entre os países em torno da chegada de milhares de refugiados a seus portos.

Segundo diplomatas ouvidos pela agência de notícias Reuters, os países concordara­m com a abertura de centros de acolhida e processame­nto de pedidos de asilo, a serem instalados de forma voluntária pelos países-membros.

Também concordara­m em debater a reforma do sistema de refúgio da UE. O primeiromi­nistro da Áustria, Sebastian Kurz, foi um dos primeiros a oferecer seu território para receber migrantes que chegam pela Itália e pela Grécia.

Outros detalhes, porém, não haviam sido divulgados até a conclusão desta edição. O consenso saiu após uma reunião de dez horas em Bruxelas.

O documento é similar à proposta do presidente francês, Emmanuel Macron, para a crise. Na quinta, ele havia sugerido que os países europeus não sejam mais obrigados a aceitar cotas específica­s de refugiados, como foi determinad­o pelo bloco em 2015.

Em vez disso, algumas nações poderiam optar por dar contribuiç­ões financeira­s à agência fronteiriç­a da UE. A dúvida era principalm­ente em relação a países com governos de direita nacionalis­ta, como Hungria e Polônia, que rejeitam receber refugiados.

Outra preocupaçã­o era com a Itália. O governo populista do país, liderado pela direitista Liga e pelo Movimento 5 Estrelas, pedia que a UE reveja o consenso que permite a devolução de migrantes aos países por onde chegaram —algo que a Itália acredita ser injusto, pois ela é uma das principais portas de entrada deles.

A Espanha, por sua vez, com seu recém-inaugurado governo socialista, vinha pedindo mais solidaried­ade. Madri recentemen­te se ofereceu para receber um navio de refugiados que a Itália recusou.

“A Itália tem de repensar se o unilateral­ismo é uma resposta efetiva a um desafio global como a migração”, disse o premiê Pedro Sánchez ao jornal britânico The Guardian.

Já a chanceler alemã, Angela Merkel, apresentav­a mensagem semelhante. A posição de Berlim é frágil, porém. Merkel governa em uma coalizão, e seu parceiro CSU (União Cristã-Social) tem exigido medidas como vetar a entrada de migrantes na fronteira.

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John Thys/AFP O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, dá entrevista após reunião em Bruxelas

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