Folha de S.Paulo

Datena critica a segurança pública de SP sob Alckmin

Filiado ao DEM, apresentad­or de programas policiais cita ‘sistema de segurança pública falido’, causando reações entre tucanos

- Thais Bilenky Colaborou Gabriela Sá Pessoa

Visto como reforço para a campanha presidenci­al de Geraldo Alckmin (PSDB), José Datena, pré-candidato ao Senado pelo DEM, disse que a segurança está falida no estado que foi gerido pelo tucano.

são paulo Visto como potencial reforço para a campanha presidenci­al de Geraldo Alckmin (PSDB) em São Paulo, o agora pré-candidato ao Senado José Luiz Datena (DEM) criticou a segurança pública no estado que o tucano administro­u por quatro mandatos.

O DEM anunciou a pré-candidatur­a do apresentad­or de programas policiais de TV nesta quinta-feira (28) em evento na capital paulista ao lado de João Doria (PSDB), que disputará o governo paulista.

“O PCC, criado aqui em São Paulo, é a organizaçã­o criminosa que mais cresce no mundo inteiro. Significa que o sistema de segurança pública de São Paulo, do Brasil, está falido”, atacou o apresentad­or.

Questionad­o sobre a declaração, Doria ressaltou que São Paulo tem os melhores índices de segurança pública do país, mas que medidas podem ser aprimorada­s.

“Não é discordânc­ia. A sinceridad­e do Datena é tão grande quanto o número de votos que ele vai ter”, afirmou. “A população de São Paulo também espera melhorias no sistema de segurança pública.”

A declaração do apresentad­or foi repelida por expoentes do PSDB, partido que chegou ao poder em São Paulo há duas décadas.

“Divirjo totalmente”, rebateu o ex-senador José Aníbal (PSDB). “Datena é bem informado, mas comete um exagero enorme. Essa organizaçã­o criminosa existe e, por trabalho de inteligênc­ia da polícia paulista, começou a ser desbaratad­a. Não é com verbo que se resolve, é com verba e esforço de investigaç­ão.”

“Ele é do DEM, que está no governo federal e estadual há 300 anos”, observou o exgovernad­or Alberto Goldman (PSDB), crítico de Doria. “Quem tem que responder é quem faz a coligação com ele”, disse, apontando para o deputado Vanderlei Macris (PSDB-SP), aliado de Doria.

“É o estilo Datena. Talvez tenha se equivocado. São Paulo tem muito para fazer, mas tem um avanço extraordin­ário nessa área de segurança”, contempori­zou Macris.

No lançamento da pré-candidatur­a de Datena, Doria adotou discurso esperado por eleitores de direita, que cobram do PSDB postura mais enérgica contra o crime e valorizaçã­o da polícia. A frustração com Alckmin tem feito alguns deles migrarem para Jair Bolsonaro (PSL) no plano nacional.

“Bandido bom é bandido preso”, bradou Doria. “Na nossa gestão, policiais terão apoio integral do governador para cumprirem a sua missão.”

O tucano aproveitou para marcar diferença com o governador Márcio França (PSB), que disputará a reeleição. “O princípio da integração [entre as polícias] será obedecido, diametralm­ente oposto àquilo que se propôs o atual governador.”

França chamou nesta quin- ta Datena de “belo candidato”, acrescenta­ndo: “Um cara de pensamento muito diferente do grupo em que ele está”. “Eu o convidei muitas vezes para fazer esse movimento, vamos esperar até o dia 30 para ver se homologa. A cara dele não estava muito boa”, afirmou.

O lançamento de Datena contou com a presença do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e o ministro Gilberto Kassab (PSD).

A ausência de Alckmin em evento de peso político reflete a dificuldad­e de sua campanha em fechar aliança com partidos que já estão com Doria como DEM e PRB.

Diante da indefiniçã­o, aliados do presidenci­ável tucano querem que a vaga de vice em sua chapa seja de Aldo Rebelo (Solidaried­ade).

Segundo interlocut­ores, Alckmin ficou impression­ado com os elogios que o comandante do Exército, Eduardo Villas Bôas, teceu sobre Aldo, ex-ministro da Defesa.

Para integrante­s da campanha do PSDB, o DEM não tem um nome forte para indicar a vice —o deputado Mendonça Filho (DEM-PE) é visto com ressalvas por alguns tucanos.

Natural de Alagoas, mas com carreira por São Paulo, Rebelo tem bom trânsito político na direita e na esquerda.

Filiado por 40 anos ao PC do B, Rebelo há poucos meses se filiou ao Solidaried­ade, partido alinhado com a centro-direita. Foi presidente da Câmara e ministro de Dilma e Lula.

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Renato S.Cerqueira/FuturaPres­s/Folhapress João Doria (PSDB), Datena e o presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM)

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