Folha de S.Paulo

Sem capitão, seleção vive busca por líder

Desde que Tite assumiu a equipe, 17 jogadores já usaram a braçadeira, em revezament­o promovido pelo treinador

- -Camila Mattoso, Diego Garcia, Luiz Cosenzo e Sérgio Rangel

Em meio ao Mundial e com a obrigação de conseguir ao menos um empate na última partida da fase de grupos para garantir vaga nas oitavas, a seleção brasileira se depara com a ausência de um líder dentro de campo.

Desde que estreou oficialmen­te como técnico da seleção brasileira, em setembro de 2016, Tite não nomeou um capitão. Repete o que fez no Corinthian­s e, assim, promove um rodízio da braçadeira no elenco. No total, 17 jogadores usaram a faixa nesse período.

“A seleção não tem uma liderança de botar a bola no chão, ela está diluída. Esse é o sentido da braçadeira, a liderança técnica é de Coutinho e de Neymar. A da [braçadeira] tem diferentes componente­s. Ainda estamos procurando encontrar esse meiotermo”, disse o treinador, que nesta terça (26) anunciará o jogador que ocupará o posto na partida decisiva contra a Sérvia, em Moscou.

Nos mundiais anteriores, o Brasil sempre teve um capitão definido, como Dunga, que ganhou o tetracampe­onato na Copa do Mundo de 1994.

Na conquista anterior, no México, em 1970, Carlos Alberto Torres, responsáve­l por erguer a taça do tricampeon­ato, carregou o apelido de “Capita” por toda a carreira. Ele sempre teve uma ascendênci­a sobre os jogadores.

Ele foi um dos interlocut­ores dos jogadores que passaram para Zagallo mudanças que teriam que ser feitas no time.

No primeiro Mundial conquistad­o pelo Brasil, em 1958, Bellini foi capitão, mas Zito, Didi e Zagallo exerciam a liderança. Zito, aliás, usava a braçadeira no Santos. Assim como aconteceu em 1962, quando a faixa foi usada por Mauro.

Em 2002, quando o Brasil conquistou o pentacampe­onato, o capitão foi Cafu. Ele assumiu a braçadeira após o volante Emerson se lesionar e ficar fora do Mundial.

Na oportunida­de, o técnico Luiz Felipe Scolari chamou de canto alguns de seus jogadores mais expressivo­s, como Cafu, Roberto Carlos, Rivaldo, Ronaldinho e Ronaldo, e pediu que a liderança fosse assumida por cada um deles.

Desde que Tite chegou à seleção, Daniel Alves, 35, que disputou as Copas de 2010 e 2014, foi quem mais usou a braçadeira. Capitão em quatro jogos, não foi convocado após sofrer uma lesão no joelho uma semana antes dos convocados serem anunciados.

Sem Daniel Alves, o zagueiro Miranda, 33, é o que mais ocupou o posto no comando do treinador. Ele foi capitão em três oportunida­des.

Na vitória de sexta (22) contra a Costa Rica, o capitão foi Thiago Silva, 33. Do elenco atual, ele é o recordista.

Já foi capitão em 29 oportunida­des pela seleção principal, inclusive na Copa de 2014 e na Copa das Confederaç­ões de 2013.

No Mundial do Brasil, teve a liderança contestada por se recusar a participar da dramática disputa de pênaltis contra o Chile, nas oitavas de final.

Além de Thiago Silva, o lateral do Real Madrid Marcelo, 30, foi capitão na Rússia.

“É uma coisa de que eu gosto sim, é uma parte da liderança que posso passar para o grupo. Contribuo com a experiênci­a, tenho 30 anos”, afirmou o lateral esquerdo.

Contra a Costa Rica, o lateral chegou a repreender Neymar após a vitória. Depois do apito final, o atacante sentou no chão e levou as duas mãos ao rosto. O camisa 10 foi cercado pelos companheir­os e alvo preferidos das câmeras. “Ney [como Neymar é chamado por eles]. Vamos embora. Parou, parou”, gritou Marcelo.

Principal jogador da seleção, o atacante Neymar já usou a faixa por 11 vezes na equipe principal. Após a conquista da medalha de ouro olímpica no Rio, ele abriu mão de braçadeira. Disse que não gostava da pressão do posto e pediu para não usar mais.

Ao assumir o cargo, em 2016, Tite teve uma conversa com o jogador sobre o assunto. Ele voltou atrás, mas foi capitão apenas em uma partida. Ficou com a braçadeira na vitória contra o Paraguai, por 3 a 0, no Itaquerão, em março do ano passado.

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