Amazon negocia parceria com Natura e Boticário
Gigante americana ensaia entrada no quarto maior mercado de beleza do mundo; setor no Brasil movimenta US$ 30 bi
A Amazon.com está recrutando importantes empresas brasileiras de cosméticos como Boticário e Natura para vender seus produtos na plataforma logística que está desenvolvendo no Brasil.
A informação foi apurada pela Reuters com três fontes familiarizadas com o assunto.
Com a estratégia, a empresa americana está ensaiando uma entrada no quarto maior mercado de beleza do mundo.
A Amazon está disposta a abocanhar uma parte dos quase US$ 30 bilhões (R$ 111,15 bilhões) gastos em maquiagem, tratamentos de cabelo e outros itens de cuidados pessoais no Brasil, um mercado que fica atrás somente de Estados Unidos, China e Japão.
A agressiva incursão da gigante de ecommerce em cosméticos no país, menos de um ano após ter expandido sua atuação além de livros e streaming de vídeos, muda o roteiro habitual da companhia.
Em outros mercados, a Amazon se concentrou em produtos de beleza décadas após se estabelecer em segmentos como eletrônicos, brinquedos e itens domésticos.
“Nos últimos cinco anos, desde o lançamento da Amazon.com.br, realizamos centenas de reuniões com potenciais vendedores e fornecedores sobre seus negócios no Brasil e possíveis planos futuros”, disse a empresa, acrescentando que a companhia não especula sobre os planos futuros.
Nem a Natura nem o Boticário responderam aos pedidos de comentários.
Uma parceria com a Amazon aceleraria a abordagem cautelosa das principais empresas brasileiras de cosméticos em relação ao ecommerce, enquanto tentam proteger as margens de lucro e as relações de longa data com tradicionais canais de venda.
A Natura vinha relutando em modificar sua rede de mais de 1 milhão de consultoras para venda direta, atendo-se a um modelo de negócios iniciado pela Avon Products.
Em 2014, a Natura começou a oferecer aos vendedores independentes ferramentas para permitir compras online, que agora respondem por menos de 4% das vendas.
Uma fonte com conhecimento direto dos planos da Natura disse que a companhia se reuniu na semana passada com a Amazon, mas que ainda está avaliando a proposta.
O Boticário, de capital fechado, se apoiou em franqueados para montar uma rede de cerca de 4.000 lojas.
A empresa agora pode vender produtos sem marca própria por meio das plataformas da Amazon no Brasil, assim como a fabricante de maquiagens Revlon, disse uma das fontes, que pediu anonimato porque as discussões ainda estão em andamento.
As conversas entre as companhias começaram bem recentemente e o Boticário não queria vender produtos de marca própria nas plataformas da Amazon por enquanto.
Até o momento, a Amazon dependia de terceiros vendendo os próprios produtos por meio do seu site, mas várias medidas neste ano sugerem que a companhia está intensificando a presença logística no Brasil.
Em fevereiro deste ano, a Reuters reportou que a Amazon estava buscando locar um galpão perto de São Paulo, em um sinal de que poderia em breve se encarregar da distribuição no país.
Em abril, a Reuters noticiou também que a gigante americana estava em conversas com a companhia aérea Azul para o envio de mercadorias para todo o país.