‘Alex Strangelove’ naturaliza descoberta sexual
Ambiente escolar aberto e inclusivo é pano de fundo para espécie de ‘Me Chame pelo Seu Nome’ colegial da Netflix
Algumas décadas atrás, os filmes de adolescentes se concentravam em personagens esquisitões que tinham pouca ou nenhuma chance com a garota mais bonita da escola, aquela por quem eles quase sempre se apaixonavam. Pense em “American Pie” ou “Superbad”, por exemplo.
E tinha a linhagem toda especial do autor e diretor John Hughes, que produzia personagens mais espertos em situações menos corriqueiras que a do garoto que quer perder a virgindade, com filmes como “Curtindo a Vida Adoidado” (1986) ou “Ela Vai Ter um Bebê” (1988)
Uma coisa, no entanto, todos tinham em comum: os personagens eram quase todos heterossexuais.
Os adolescentes gays foram descobertos por Hollywood recentemente, como mostram “Me Chame Pelo Seu Nome”, de Luca Guadagnino, indicado ao Oscar neste ano, e o mais mainstream “Com Amor, Simon”.
Agora é a vez de a Netflix entrar nesse filão, com o doce “Alex Strangelove”, disponível no serviço de streaming desde o último dia 8.
O filme se passa nos dias de hoje, em uma pequena cidade nos arredores de Nova York. A escola é onde a maior parte das tramas acontece.
Ali, como parece ser a norma hoje, a sexualidade de cada pessoa passa tranquilamente pelos termos gay, bi, trans, poli. Menos para o protagonista dessa história, para quem a descoberta de sua orientação sexual não segue as regras casuais de todos ao seu redor.
O nome dele é Alex Truelove (sobrenome que significa “amor verdadeiro”), e ele é um garoto adorável, bom aluno, bom filho, bom amigo.
O que ele mais quer é manter as notas boas o suficiente para entrar na Universidade Columbia, em Nova York.
Enquanto essa hora não chega, se diverte com seus amigos, esses, sim, esquisitões, e apresenta um programa no YouTube em que relaciona os tipos de alunos e alunas de sua escola com animais da natureza —ele mesmo se autoproclama um pinguim, que se junta com uma fêmea por toda a vida.
Então Alex conhece Claire Johnson, uma menina igualmente adorável que também é obcecada por animais e suas características.
Ela logo vira coapresentadora do programa da internet e melhor amiga de Alex. Daí, vira sua namorada, e os dois parecem o casal perfeito, com apenas um senão: eles não transam.
Quando Claire fala sobre isso na frente dos amigos de Alex, ele resolve que é hora de marcar o dia, e agenda para a semana seguinte, num hotel.
No meio do caminho, encontra Elliott, um garoto um pouco mais velho e abertamente gay que foi posto para fora de casa pelo pai quando saiu do armário.
Os dois começam uma amizade, vão a shows em Nova York, andam pela cidade à noite. Tudo com o conhecimento de Claire; não tem nada secreto acontecendo entre eles. Mas ambos estão curiosos em relação ao outro.
“Alex Strangelove” é basicamente um filme que se passa no período da vida em que acontecem as descobertas mais reveladoras.
Não tem nada demais, mas tem seu charme e é um bom retrato da vida dos adolescentes nesse exato momento.
Na escola de Alex, a sexualidade de cada pessoa passa tranquilamente pelos termos gay, bi, trans, poli. Menos para o protagonista