Folha de S.Paulo

Sob pressão, Alckmin escala Perillo para articulaçã­o política da campanha

Mal nas pesquisas, tucano pena para firmar alianças e conseguir mais tempo de propaganda eleitoral

- -Daniel Carvalho

Pressionad­o por aliados a tomar para si a articulaçã­o política de sua campanha presidenci­al, mas cobrado por correligio­nários a descentral­izar tarefas, Geraldo Alckmin (PSDB) apresentou nesta quinta (14) o ex-governador Marconi Perillo (PSDBGO) como seu coordenado­r político na disputa.

A menos de quatro meses da eleição, Alckmin não tem aliança fechada com nenhum partido, apenas “conversas muito avançadas”, como de- finiu Perillo, com PSD, PTB, PV e PPS. O presidenci­ável não incluiu na lista partidos como Solidaried­ade e Pros, com cujos presidente­s esteve nesta semana.

Não ajuda que o tucano esteja patinando nas pesquisas —pontuou com 6% a 7% nos cenários do Datafolha divulgados na semana passada.

“O Marconi foi eleito quatro vezes governador. Ele vai coordenar essa área política evai ajudar na conversa política em vários estados ”, disse Alckmin após a reunião em que oficializo­u o convite.

“Ele está me convidando para ajudar nas conversas com os partidos, ajudar na composição nos estados, enfim, estar perto dele para colaborar naquilo que ele não puder. Ele não é onipresent­e”, disse Perillo.

O Painel havia antecipado na quarta que o goiano, assim como os ex-presidente­s da sigla Alberto Goldman, José Aníbal e Pimenta da Veiga seriam chamados a assumir postos de comando na campanha do exgovernad­or paulista.

Ao lado de Alckmin, Perillo disse que dedicará metade de seu tempo à campanha do presidenci­ável. Ele também está cuidando da própria disputa por uma cadeira no Senado.

O novo coordenado­r político da campanha disse que receberá missões de Alckmin, com quem fala diariament­e, mas deixou claro que o objetivo de sua entrada na campanha é acalmar os ânimos tanto dentro como fora do PSDB.

“À medida que ele vai escalando pessoas experiente­s para o time dele, vai tranquiliz­ando o partido de uma maneira geral e os aliados”, disse Perillo, complement­ando que foi convocado para “tirar dos ombros do Geraldo todo esse peso, todas as cobranças”.

Para ajudá-lo na missão, o ex-governador de Goiás disse que irá recorrera ex-presidente­s do PSD B, mas não ao senador Aécio Neves( MG ), ques e tornou um fardo para o partido desde que foi gravado pedindo R$ 2 milhões ao empresário Joesley Batista, da JBS.

“Ele está cuidando da vida dele como senador, cuidando da defesa dele. Ele não tem interesse nenhum em participar de qualquer discussão, de qualquer coordenaçã­o na área política”, afirmou Perillo.

Segundo o goiano, o foco do PSDB é atrair apoio dos partidos do centro do espectro político, hoje pulverizad­o com várias pré-candidatur­as. Entre os alvos de prospecção está o MDB de Michel Temer, que concentra a rejeição de 82% do país.

“A meta nossa tem que ser uma concertaçã­o com o centrão, com o centro democrátic­o”, disse Perillo. “Todos os partidos do centro democrátic­o cabem.”

Com aval do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, integrante­s de partidos de centro lançaram na semana passada um manifesto que, além de acenar com ideais defendidos tanto à esquerda como à direita, cobra uma unidade do campo político em torno de uma só candidatur­a.

O PSDB, no entanto, tem pouco tempo para essa prospecção. O presidente do Solidaried­ade, deputado Paulinho da Força (SP), disse a Alckmin em uma conversa no aeroporto de Brasília, na noite de quarta-feira, que o bloco formado por SD, DEM, PRB, PP e PSC quer definir um candidato até 15 de julho.

Juntos, esses partidos têm cerca de 150 segundos de tempo de TV no horário político. Sozinho, o PSDB tem em torno de 78 segundos.

Se o bloco não levar adiante a pré-candidatur­a do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o que é o mais provável, avalia apoio a Alckmin, Alvaro Dias (Podemos) ou Ciro Gomes (PDT).

Alckmin havia pedido um encontro com Maia, mas ele deixou Brasília sem reunir-se com o pré-candidato do DEM. De olho nos cerca de 45 segundos do PR, o grupo encabeçado pelo DEM também deixa aberta a possibilid­ade de apoiar Josué Alencar, filho do exvice presidente José Alencar.

No encontro com Paulinho da Força, Alckmin foi orientado a ficar mais tempo em Brasília, justamente para cuidar pessoalmen­te das articulaçõ­es políticas com os partidos.

“Ele tem que fazer pessoalmen­te porque os outros líderes dele não conseguem fazer essa articulaçã­o com os partidos. Ele deveria pegar uma mesinha e uma cadeira e colocar na porta do Congresso”, disse Paulinho.

Mesmo assim, Alckmin pretende fazer um tour pelo Norte e pelo Nordeste na próxima semana. O roteiro ainda não foi definido.

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Charles Sholl/Raw Image/Folhapress DORIA RECEBE APOIO DO DEM E DIZ ESPERAR QUE PARTIDO TAMBÉM SE ALIE À CANDIDATUR­A DE ALCKMIN AO PLANALTO Ao lado de líderes de outras siglas, como Gilberto Kassab, do PSD (à esq.), candidato tucano ao governo rechaçou disputar Presidênci­a

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