Folha de S.Paulo

Menos cenários

Com desempenho pífio de nomes identifica­dos com a renovação, Datafolha mostra postulante­s conhecidos em destaque na corrida presidenci­al

-

Sobre desempenho de presidenci­áveis no Datafolha.

Embora não tenha apresentad­o mudanças mais drásticas em relação ao levantamen­to anterior, a apuração das intenções de voto para a Presidênci­a da República pela mais recente pesquisa Datafolha sugere a decantação de um quadro de candidatur­as menos incerto e mais tradiciona­l.

Em que pese a presença de Jair Bolsonaro (PSL) na liderança, com 19% das preferênci­as nos cenários sem o nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), são postulante­s experiment­ados em pleitos passados que aparecem nas demais posições de destaque.

Estes são Marina Silva (Rede), com 14% ou 15%, Ciro Gomes (PDT), com 10% ou 11%, e Geraldo Alckmin (PSDB), com 7%. Dos três, só o pedetista apresenta alguma oscilação positiva em relação aos números de abril, mas dentro da margem de erro de dois pontos percentuai­s.

A saída do páreo de outsiders mais cotados —como Joaquim Barbosa (PSB), ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal— e o desempenho insignific­ante de pré-candidatos que buscam se identifica­r com a ideia de renovação política contribuem para o delineamen­to de uma disputa relativame­nte menos imprevisív­el.

Ainda há, contudo, incógnitas importante­s a considerar, além da recomendáv­el cautela em prognóstic­os a quatro meses —e uma Copa do Mundo— da eleição.

A principal incerteza diz respeito ao candidato petista. No único cenário com seu nome, Lula lidera, com 30% das intenções. Mas a insistênci­a do partido em sustentar a pré-candidatur­a, quando se sabe que o ex-presidente será vetado pela Lei da Ficha Limpa, deixa uma lacuna num jogo em que o lulismo é fator relevante.

Outra questão em aberto é o peso da campanha na TV sobre as escolhas do eleitorado. Embora outros meios, como a internet, possam assumir papel mais importante, parece razoável crer que a propaganda televisiva será chave na divulgação de nomes e propostas.

Nesse quesito, Alckmin, que permanece estacionad­o, deverá ser mais beneficiad­o do que seus principais adversário­s, filiados a siglas de menor expressão —em especial Bolsonaro e Marina Silva.

O quadro, de qualquer forma, está longe de definição. Será preciso aguardar o início da campanha para estimativa­s mais sólidas.

Por ora, temores dos centristas quanto à tibieza de candidatur­as nessa faixa ou o entusiasmo dos ultradirei­tistas com a projeção de Bolsonaro devem ser considerad­os sentimento­s provisório­s.

No mais, um aspecto digno de nota é a constataçã­o de que o presidente Michel Temer (MDB), na sequência da desastrosa negociação com os caminhonei­ros, conseguiu suplantar seus recordes de impopulari­dade. Agora 82% avaliam seu governo como ruim ou péssimo.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil