Folha de S.Paulo

Marina diz que não mudará para atrair petistas

Em sabatina, pré-candidata da Rede ao Planalto afirma que não fará ‘discurso oportunist­a’ para herdar eleitores de Lula

- -Isabel Fleck

MARINA SILVA são paulo Pré-candidata ao Planalto que mais se beneficia com a saída do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) da disputa, Marina Silva (Rede) disse nesta quinta-feira (24) que não fará um “discurso oportunist­a” nem adaptará suas propostas para atrair os eleitores do petista.

Segundo pesquisa Datafolha, ela recebe até 20% dos votos lulistas nesse cenário.

Questionad­a, em sabatina realizada pela Folha , UOL e SBT, se ela se aliaria ao PT na disputa, a pré-candidata disse ter “todo o respeito” aos eleitores petistas, mas declarou que sua candidatur­a “é independen­te”.

Eleitores do Lula

É uma atitude de respeito não ter discurso oportunist­a, mudar de discurso só para agradar o eleitor. O eleitor não é bobo, as pessoas sabem as minhas convicções e, se por ventura, alguma pessoa que tinha intenção de votar no expresiden­te Lula e vier a votar em mim, vai votar sabendo o que eu defendo.

Candidatur­a de Lula

A Lei da Ficha Limpa diz que ninguém que é condenado em segunda instância —é claro que resguardad­os todo o trâmite legal e o direito à defesa— pode ser candidato. Há no Brasil uma mania de fulanizar as leis. Por mais relevante que a pessoa seja politicame­nte, economicam­ente, socialment­e, a lei não pode se adaptar às pessoas. As pessoas é que têm que se adaptar à lei.

Condenação do petista

Os advogados tiveram todo o direito de recorrer às instâncias cabíveis de acordo com o direito à ampla defesa. A condenação em segunda instância cria um estranhame­nto para a sociedade em função do foro privilegia­do. Parece que tem um grupo, dos empresário­s e políticos que não têm prerrogati­va de foro, que estavam sendo condenados, e os que têm estão escondidos atrás do foro.

Congresso

Eu não negociaria princípios. E eu não vou olhar para o tamanho do partido, mas para o tamanho do senador, do deputado. Vou buscar aquele que está no banco de reservas. Essas pessoas precisam entrar em campo. Não é a lógica do partido pelo partido. É a lógica de ter um grupo de parlamenta­res que se orientam por princípio.

Economia

Vamos manter a política macroeconô­mica que deu certo: superávit primário, câmbio flutuante e meta de inflação. Não vamos inventar a roda. Quem chega e vem inventar a roda em cima de nada cria o desequilíb­rio que a Dilma e o Temer criaram.

Diante de uma situação como a que vivemos hoje, temos que pensar no grave problema do gasto público, que tem que ser contido —sem isso não vai ter superávit primário—, e recuperar a credibilid­ade para ter investimen­to duradouro no Brasil.

PEC do teto dos gastos

Sou a favor do controle do gasto público. O que eu não concordo é fazer isso congelando o orçamento público por 20 anos. Não é inteligent­e.

Tem que gastar metade do cresciment­o do PIB: cresceu 4%, você pode gastar 2%. Aí você nunca vai ter um descompass­o entre o que arrecada e o que você está gastando.

Se Deus quiser, no meu governo, o país vai voltar a crescer. E uma vez voltando a crescer, você tem que ter margem para poder fazer a destinação dos recursos.

Reforma da Previdênci­a

O problema é a reforma da Previdênci­a draconiana que o Temer tentou fazer. Ele, no afã de agradar o mercado, esqueceu de que não se pode conversar só com um lado e cometer injustiça. A questão da idade mínima precisa ser debatida, porque hoje as pessoas estão vivendo mais, mas tem que ser com a sociedade, com os trabalhado­res.

Reforma trabalhist­a

Você não pode ter uma reforma trabalhist­a para precarizar as relações de trabalho. A reforma trabalhist­a é para aperfeiçoa­r, melhorar o contrato de trabalho de forma a facilitar a vida do empregado e do empregador. Agora, fazer uma reforma trabalhist­a assegurand­o que o trabalhado­r pode negociar seus direitos em função de uma situação de dificuldad­es, não acho que é o melhor caminho.

Caixa dois

Durmo com a consciênci­a tranquilís­sima. O que não podia ser declarado não podia ser recebido [na sua campanha em 2014]. Não tem um centavo

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