A terrível busca por crianças de ‘alta performance’
É preciso repensar a crescente pressão por resultados
Os recentes casos registrados de suicídio de estudantes do ensino médio —alunos de tradicionais colégios de São Paulo— causaram perplexidade e tristeza. Embora saibamos que o ato de tirar a própria vida é gerado por angústias de múltiplas origens, é preciso pensar de que maneira o ambiente escolar pode ajudar (ou atrapalhar) a prevenção de situações dessa natureza.
A discussão é ampla, mas há um aspecto a ser destacado: a busca incessante de alguns estabelecimentos escolares pela produção de crianças e jovens de “alta performance”.
Os currículos escolares vêm mudando nos últimos anos, para o bem e para o mal.
Há algumas iniciativas bem-vindas de ampliação do universo cultural e das habilidades dos alunos, ao lado de outras bastante questionáveis, que submetem os estudantes a expectativas e pressões para as quais, ao que tudo indica, eles não estão preparados.
Muitos colégios, já nos anos iniciais, introduzem a disciplina empreendedorismo (o que quer que isso signifique para crianças de cinco anos) e vendem essa “novidade” como vantagem, a fim de seduzir alguns pais —clientes incautos, preocupados com o futuro dos rebentos.
Mais recentemente, alunos a partir de 14 anos passaram a participar de jogos envolvendo aplicações na Bolsa de Valores.
Grupos entram em competição, e ganha a equipe que obtiver a maior rentabilidade nas simulações de investimentos.
O ensino de idiomas também tem se tornado obsessão. Com o discurso de formar cidadãos do mundo ou preparar os jovens para a concorrência no mercado de trabalho, colégios adotam currículos bilíngues, trilíngues e até “quatrilíngues” (essa palavra ainda não está dicionarizada, mas não tardará a se popularizar).
Inglês só não basta; afinal, as crianças precisam ter vantagens comparativas. Não importa que não consigam escrever com proficiência nem sequer em português...
Soma-se a essas práticas ditas inovadoras a incessante procura por desempenhos positivos em avaliações massificadas, como Enem, Prova Brasil e vestibulares.
O malfadado ranking de escolas no exame do ensino médio, a despeito de estar sujeito a manipulações marqueteiras fartamente demonstradas, serve como um instrumento de exclusão de alunos com dificuldades pedagógicas em diversos colégios particulares.
A Prova Brasil, por sua vez, começa a ser utilizada como indicador de produtividade de professores, e já existem propostas de vinculação do orçamento de escolas públicas aos índices obtidos na avaliação.
Tudo somado, mais e mais pressão sobre os alunos, que precisam entregar resultados!
Está na hora de repensar algumas práticas escolares, especialmente aquelas que visam atender a ânsia do mercado, a busca por sucesso a qualquer preço, à custa dos tempos e espaços que são próprios da infância e da juventude. Concordo com a greve. Acredito que as coisas neste país só funcionam assim.
Jorge Duarte (Santa Bárbara d’Oeste, SP)
A direção da Petrobras mostrou compromisso com o bem-estar do país ao reduzir temporariamente o preço do diesel (“Petrobras e Câmara reduzem custo do diesel”, Mercado, 24/5). Será que os políticos não poderiam fazer o mesmo? Se eles abrissem mão de apenas 10% do fundo eleitoral, a redução do preço do diesel poderia ser maior. Está na hora de o país decidir melhor como alocar os (escassos) recursos públicos. Já não aliviaria o problema se a Petrobras reajustasse uma vez por mês os combustíveis?
Waldemar Crespo (Rio Claro, SP)
Atualmente, o conflito principal é entre a sociedade civil produtora e o Estado gigante, incompetente e corrupto. Os privilégios devem ser cortados e o Estado, reduzido, cortando impostos e diminuindo despesas. Boa sorte e obrigado, caminhoneiros.
Fernando Antonio Mourão
Flora (Belo Horizonte, MG)
Por que os caminhoneiros não conseguem repassar seu aumento de custo, como qualquer empresa (“As (más) ideias imortais”, de Alexandre Schwartsman, Mercado, 23/5)? Por que não se organizam como classe econômica, estabelecendo uma política de preço mínimo de frete?
Adonay Evans (Marília, SP) Excelente o texto “O medo em política e nas eleições”, de Contardo Calligaris (Ilustrada, 24/5). Ele explica, em parte, como venezuelanos em condições de miséria votam com o governo atual. O conceito se aplica ao corporativismo que impera no Brasil e impede que reformas estruturais tenham sucesso. João Paulo Mendes Parreira
(São Caetano do Sul, SP)
OAB
Infelizmente, a OAB perdeu-se no tempo e no corporativismo. Não cumpre o propósito de sua criação, que é defender a Constituição (“O TCU poderá abrir a caixa da OAB”, de Elio Gaspari, Poder, 23/5). Roberto Foz Filho (Jundiaí, SP)
Sou advogado, da geração dos mais novos. Pelo menos no meu entorno, defendemos eleições diretas e maior controle dos recursos provenientes da anuidade de classe. Também é desejada uma menor interferência em assuntos difusos e que não representam a classe. Juliano Olivetti
Proibição de fogos com barulho
Em vez de a Prefeitura de São Paulo agir com seriedade —isso não é de hoje— em resolver a degradação da cidade, só aplica medidas e leis fúteis, pois isso requer menos empenho (“Prefeitura proíbe o uso de fogos de artifício com barulho em SP”, Cotidiano, 24/5).
Paolo Valerio Caporuscio
(São Paulo, SP)
Greve dos professores
Como as escolas mais dignas, as pessoas de bem prestam todo o apoio às reivindicações da sofrida classe dos professores (“Professores de escolas privadas anunciam uma nova paralisação”, Cotidiano, 24/5). Causa estranheza a falta de apoio dos políticos que se dizem representantes do povo a tão importante movimento.
Moacyr da Silva (São Paulo, SP)