Folha de S.Paulo

O brasileiro sabe o que tem de ser feito

- Brenda Brito e Natalie Unterstell Brenda Brito e Natalie Unterstell são especialis­tas em políticas públicas ambientais e membros do movimento Agora!

Pesquisa realizada com 3.000 brasileiro­s reafirma alertas sobre os principais problemas ambientais das cinco regiões do país. Eles requerem urgência no seu tratamento, aliada a uma visão de longo prazo.

O levantamen­to foi feito pelo instituto Ideia Big Data e o Agora!, movimento formado por cem cidadãos que querem impactar a agenda pública e promover inovação política.

Hoje, 40% dos brasileiro­s afirmam que a destinação inadequada do lixo é o nosso maior problema. O número cai para 35% na região CentroOest­e e sobe para 43% no Sul e 45% na região Nordeste. De fato, essa percepção reflete a gestão dos resíduos sólidos nos municípios.

Ainda que essa coleta alcance 91% dos que vivem em cidades, apenas 58% têm destino final adequado. De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, até 2016, metade dos municípios brasileiro­s ainda destinava resíduos em lixões em vez de aterros sanitários, e 59% não tinham planos para gestão desse material.

A poluição das águas e o desmatamen­to aparecem em seguida entre os maiores problemas ambientais, mas variam de acordo com a região.

No Sul, Sudeste e Nordeste, os problemas com recursos hídricos foram lembrados por mais de 20% da população. O destaque foi no Nordeste, onde 27% mencionara­m a poluição das águas como o grande problema.

Já no Norte (35%) e Centro-Oeste (30%), o desmatamen­to é o segundo colocado. Estas são as regiões que perdem mais áreas de vegetação no Brasil, com o desmatamen­to na Amazônia e no Cerrado.

Finalmente, a poluição do ar é percebida como grande problema por 18% dos brasileiro­s que habitam a região Sudeste, a mais urbanizada do país. Nos demais, fica abaixo dos 9%.

A pesquisa mostra que, mais do que problemas, há oportunida­des sendo perdidas: os resíduos vão para o lugar errado; a riqueza da floresta evapora com o fogo ou com o desmatamen­to, e as águas não se renovam mais com qualidade. O brasileiro sabe, e isso o incomoda.

Precisamos, mais do que nunca, de cuidado com a água e saber enxergar valor no lixo. Os governos, em todos os níveis, têm que levantar a bandeira da aplicação efetiva da lei de resíduos sólidos.

Outro alerta é o de que o saneaNo

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