Fraudes no Enem
Um exame nacional do qual participam quase 7 milhões de estudantes, como o Enem, é coisa séria. Tanto mais porque da nota obtida depende a chance de entrar numa universidade pública, o que para muitos representa a única oportunidade de um diploma superior.
Prevenir e combater fraudes, assim, constitui um imperativo de justiça. Sem isso, alguns poucos mal-intencionados tomarão os lugares que, por mérito, se destinariam aos jovens que obtiveram escores altos sem recurso a trapaças.
E elas ocorrem, em quantidade ao que tudo indica muito acima do que se detecta. Foi o que revelou uma investigação estatística empreendida por esta Folha.
Segundo o trabalho, nas edições de 2011 a 2016 do Enem verificou-se alta probabilidade de haver ocorrido fraude em 1.125 provas. O filtro empregado detectava, em meio a 3 milhões de gabaritos, combinações de respostas com uma chance em mil (ou mais de mil) de acontecer.
Foram incluídas na análise as provas realizadas pelos 10% de participantes que obtiveram as melhores notas. O contingente corresponde àqueles com maior probabilidade de obter vagas em cursos concorridos, como medicina e engenharia.
A cifra de 1.125 possíveis engodos, da simples “cola” entre dois indivíduos a sistemas eletrônicos de transmissão de respostas, aparece em forte contraste com o número