Acionistas da BRF confirmam Parente como novo presidente do conselho de administração
itajaí (sc) Depois de meses de intensa disputa, o conflito entre os principais acionistas da BRF, dona das marcas Sadia e Perdigão, parece pacificado com a confirmação do executivo Pedro Parente para a presidência do conselho de administração da companhia.
Nesta quinta-feira (26), três dos principais protagonistas da disputa —Abilio Diniz, Francisco Petros e Luiz Fernando Furlan— voltaram juntos para São Paulo no avião particular de Abilio.
Eles passaram o dia em Itajaí (SC), sede da BRF, resultado da fusão de Sadia e Perdigão, participando da assembleia de acionistas que referendou o nome de Parente e dos demais nove conselheiros.
Além de Parente, Petros e Furlan, os novos membros do colegiado são Augusto Cruz, Walter Malieni, Flávia Almeida, Roberto Rodrigues, Dan Ioschpe, José Luiz Osório e Roberto Mendes. Abilio deixou o conselho.
Os eleitos fazem parte da chapa de “consenso” acordada previamente entre os maiores acionistas após semanas de vaivém nas negociações.
Nos bastidores da assembleia, havia a expectativa de que as famílias Furlan e Fontana, herdeiras da antiga Sadia, elegessem para o colegiado o consultor Vicente Falconi. Ele, no entanto, não alcançou votos suficientes.
O motivo da carona de Petros e Furlan no avião de Abilio foi o atraso de mais de oito horas para o início da votação, em raxão de uma exigência da CVM (Comissão de Valores Mobiliários).
O órgão pediuà BRF que mantivesse a escolha dos conselheiros vaga a vaga —o chamado voto múltiplo. Na quarta (25), a empresa havia anunciado que teria uma chapa única.
A confirmação de Parente marca o fim do período de Abilio à frente da BRF. Depois de uma saída turbulenta da rede varejista Pão de Açúcar, que pertencia a sua família, o empresário assumiu o conselho da BRF em abril de 2013.
Na época, ele disse que a gigante de alimentos era mal administrada e prometeu levar as ações a R$ 100 em cinco anos. Nesta quinta, os papéis fecharam cotados a R$ 26.
A BRF vem sendo punida pelos investidores em razão do prejuízo de R$ 1 bilhão registrado em 2017, quando houve a Operação Carne Fraca, e do conflito entre acionistas.
O novo conselho toma posse nesta sexta (27). O primeiro desafio será escolher um presidente-executivo —o quarto em cinco anos. José Aurélio Drummond, que ocupou o cargo por poucos meses, pediu demissão nesta semana.