Folha de S.Paulo

Amigos de Temer arrecadava­m propina, diz procurador­ia

- FÁBIO FABRINI

Em denúncia apresentad­a à Justiça Federal, a Procurador­ia da República em Brasília acusa o coronel João Baptista Lima Filho e o advogado José Yunes, amigos de Michel Temer, de atuar como arrecadado­res de propinas para o presidente.

A acusação de organizaçã­o criminosa contra os dois e mais sete aliados de Temer foi aceita nesta segunda (9) pela 12ª Vara do Distrito Federal, que abriu ação penal contra os envolvidos no chamado “quadrilhão do MDB”.

A denúncia se baseia em diversas delações premiadas, que apontaram Lima e Yunes como operadores de subor- nos para o presidente.

Conforme os procurador­es, Yunes foi o responsáve­l, em mais de uma ocasião, por receber recursos ilícitos e repassar para integrante­s do partido. Um dos episódios citados foi a entrega ao advogado, pela Odebrecht, de um pacote com pagamentos acertados numa reunião prévia, no Palácio do Jaburu, com o próprio Temer.

Os recursos seriam destinados ao financiame­nto de campanhas em 2014.

Em depoimento, Yunes admitiu ter recebido um “pacote” em seu escritório, em São Paulo, mas que desconheci­a o conteúdo, a origem e a destinação do objeto, que repassado ao corretor Lúcio Bolonha Funaro.

O próprio Funaro, em sua delação, confirmou a operação. Além disso, declarou ter conhecimen­to de que o expresiden­te da Câmara Eduardo Cunha (MDB-RJ), também denunciado no “quadrilhão”, mandou um de seus auxiliares “entregar propina a Temer por meio de Yunes”.

A denúncia cita conversa entre o empresário Joesley Batista e o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (MDBPR), no qual o dono da JBS diz que Yunes teria atuado como intermediá­rio de propina paga pela empresa.

Para o MPF, “na condição de advogado de reputação aparenteme­nte ilibada, acima de qualquer suspeita”, Yunes tinha importânci­a no grupo criminoso suposta- mente chefiado por Temer como “recebedor e distribuid­or de propina”. Caberia a ele ocultar a origem dos recursos ilícitos e dificultar seu rastreamen­to, além de possibilit­ar a divisão dos valores para os demais membros da organizaçã­o.

A Procurador­ia afirma que o coronel Lima se agregou ao núcleo financeiro da organizaçã­o, com o objetivo de auxiliar no desvio de recursos de órgãos como a Petrobras, a Caixa Econômica Federal, os ministério­s da Integração e da Agricultur­a, entre outros.âmbito da organizaçã­o”.

As defesas de Yunes e Lima informaram que vão se pronunciar após tomar conhecimen­to integral da denúncia.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil