Tucano se despede com Gandhi, choro e crítica à imprensa
Doria fez última reunião de portas fechadas, mas com estilo habitual, antes de deixar a prefeitura para disputar eleição ao governo
A última reunião de João Doria (PSDB) como prefeito de São Paulo na tarde desta sexta (6) foi a portas fechadas, sem público ou jornalistas, evitando assim o desgaste por renunciar ao cargo mil dias antes do fim do mandato.
Mas, no espaço reservado, o agora ex-prefeito, que vai disputar a eleição ao governo, teve performance ao seu estilo habitual, com citações a Mahatma Gandhi, vídeo com vitória de Ayrton Senna, choro, medalhas e antipetismo.
Diante de uma plateia de secretários, vereadores da base aliada, empresários e familiares, Doria leu trechos de um livro sobre Mahatma Gandhi que disse ter ganhado de uma eleitora um dia antes.
Ele usou uma citação atribuída ao líder pacifista para descrever seu estilo de governar: “Melhor um ‘não’ com convicção do que um ‘sim’ dito apenas para agradar ou, pior, para evitar problemas”.
Segundo a Folha apurou com participantes da reunião, Doria foi às lágrimas mais de uma vez enquanto passava um filme com suas realizações, ao distribuir medalhas para secretários e empresários e, por fim, ao exibir vídeo com vitória árdua de Ayrton Senna no Grande Prêmio do Brasil, em 1993. O tucano chacoalhou uma bandeira do Brasil e disse: “essa bandeira nunca será vermelha”.
Após passar o bastão para Bruno Covas, Doria deu rápida entrevista na qual apresentou um vídeo de 12 minutos sobre seus feitos no qual tenta justificar a decisão de abandonar o cargo. O tucano também criticou a imprensa.
Questionado pela Folha sobre as vagas criadas em creche, abaixo da promessa, ele disse que o repórter gostaria que ele tivesse criado menos vagas. Em seguida, acusou outro jornalista de exaltar a gestão Fernando Haddad (PT).
“É bom que pelo menos uma parte da mídia brasileira faça um pouco da reavaliação e tenha consciência de que também pode errar”, disse. (GUILHERME SETO E ARTUR RODRIGUES)