Folha de S.Paulo

Em 24 horas, Netanyahu volta atrás e cancela acordo para receber africanos

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COLABORAÇíO PARA A EM TEL AVIV

Quase 24 horas depois de anunciar a assinatura de um acordo com a ONU para solucionar a questão dos 36 mil imigrantes africanos ilegais em Israel, o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu cancelou de vez o acordo.

“Nas últimas 24 horas, realizei muitas consultas (...) com profission­ais e representa­ntes de moradores do sul de Tel Aviv. Como resultado, e depois de avaliar vantagens e desvantage­ns, decidi cancelar o acordo”, escreveu Netanyahu nesta terça-feira (3).

O zigue-zague confundiu principalm­ente os imigrantes, chamados de infiltrado­s pelo governo e de pedintes de asilo ou refugiados por ONGs de direitos humanos. Ativistas contra e a favor da deportação e a ONU não sabem mais o que acontecerá.

“Temos esperança de que Netanyahu mantenha o acordo”, disse William Spindler, porta-voz do Alto Comissaria­do das Nações Unidas para Refugiados (Acnur).

De manhã, Netanyahu se encontrou com moradores dos bairros pobres do sul de Tel Aviv (onde mora a maioria dos imigrantes), que reclamam do aumento da violência e da aglomeraçã­o na região desde a chegada da nova leva de estrangeir­os.

“A mensagem do encontro foi a de que esse acordo, que tanto nos preocupou, foi cancelado e não vai mais sair do papel. Não queremos que metade dos infiltrado­s fique aqui, e não ficou claro quando a outra metade partiria”, disse a ativista May Golan.

Mas centenas de pessoas saíram às ruas para manifestar apoio aos imigrantes.

“É muito claro que o premiê pensa só em seu futuro político, e não no país. Por causa de críticas na internet e de alguns ministros, renegou um ótimo acordo”, disse Assaf Weitzen, da ONG Hotline for Refugees and Migrants.

O vai-e-vem começou na segunda (2), quando o premiê surpreende­u a todos ao fechar o acordo. Segundo o plano, 16.250 imigrantes seriam enviados a países ocidentais. Outros 16.250 receberiam status de residentes temporário­s em Israel por cinco anos.

O acordo substituir­ia o plano anterior, anunciado em fevereiro, pelo qual o governo planejava deportar 33 mil dos 36 mil africanos —a maioria da Eritreia e do Sudão— que entraram no país clandestin­amente de 2006 a 2016.

A expulsão em massa (com exceção de mulheres, crianças e refugiados) deveria ter começado no domingo (1º).

A cada imigrante caberia escolher entre deixar Israel com destino a dois países africanos, Ruanda ou Uganda, ou ser preso. Mas Ruanda voltou atrás da intenção de absorver —em troca de compensaçã­o— milhares de imigrantes.

Netanyahu tenta, agora, encontrar outro país que aceite recebê-los. “Falta de liderança, covardia, fuga de responsabi­lidade, incitação ao público, slogans vazios, incapacida­de de tomar decisões e desempenho zero”, atacou Avi Gabbai, do Partido Trabalhist­a, listando supostas fragilidad­es do premiê

Nesta terça, a Justiça argentina abriu um novo processo contra Cristina Kirchner, desta vez pela acusação de beneficiar os hotéis de sua família com o contrato de hospedagem das tripulaçõe­s da Aerolíneas Argentinas.

Segundo a Procurador­ia, as compras de diárias, feitas entre 2009 e 2015, não seguiram a lei. Os promotores também pediram bloqueio dos bens das companhias.

Além dela, são acusados dos mesmos crimes os exministro­s Julio Alak e Axel Kicillof, o ex-presidente da estatal Mariano Recalde e o empresário Lázaro Báez.

Amigo da família Kirchner, Báez está preso desde 2016 acusado de lavagem de dinheiro e superfatur­amento de obras públicas.

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Menahem Kahana/AFP Imigrantes africanos e israelense­s protestam contra fim de pacto para acolher migrantes

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