Folha de S.Paulo

Entidades pró-imigrantes como a Associação Americana de Advogados de Imigração criticaram a medida e disseram

- ESTELITA HASS CARAZZAI

O presidente americano, Donald Trump, afirmou nesta terça (3) que quer colocar militares para vigiar a fronteira dos Estados Unidos com o México, até que o muro que prometeu ampliar entre os dois países seja erguido.

“Temos leis muito ruins para a nossa fronteira”, declarou. “Até que tenhamos um muro e segurança apropriado­s, vamos proteger nossas fronteiras com militares.”

Trump não deu detalhes da medida nem disse quantos soldados seriam empregados no esforço. Mas informou que o governo e o Departamen­to de Defesa debatem o tema.

Os EUA têm cerca de 3.000 km de fronteira com o México, sendo que um terço dessa extensão já tem algum tipo de barreira física. Parte do trecho onde Trump pretende construir o muro é inóspita, com desertos, reservas florestais, rios e penhascos.

A título de comparação, o Brasil tem quase 17 mil quilômetro­s de fronteira.

Reportagem da Folha mostrou que o fluxo de imigrantes na fronteira com o México voltou a subir nos últimos seis meses. A maioria hoje entra pelo rio, e não pelo deserto do Arizona, antes a principal porta para os EUA.

Trump pretende aumentar as barreiras físicas na região, mas também se queixa das leis de imigração. “O Congresso precisa agir e criar leis poderosas, como há em outros países”, declarou. ESCALADA A proposta desta terça surge após uma sequência de declaraçõe­s que reforçam o cerco de Trump à imigração ilegal, à qual ele atribui o aumento da criminalid­ade por gangues e traficante­s, a entrada de drogas nos EUA e a perda de empregos.

Nos últimos dias, o presidente disse que as leis de imigração são “uma piada de [seu antecessor Barack] Obama” e declarou que o Daca, programa que protege jovens que migraram na infância para os EUA, está “morto”.

É uma inflexão após ter se mostrado disposto a negociar uma solução para jovens imi- grantes e afirmar “estender a mão aberta” a um acordo.

Nesta terça, o republican­o voltou a criticar a prática do “prende e solta”, segundo a qual estrangeir­os têm o direito de aguardar em liberdade o julgamento de seus casos nos tribunais de imigração, permanecen­do no país.

A prática vale em especial para adolescent­es e crianças detidos com ou sem os pais, que respondem por boa parte do fluxo migratório na fronteira com o México. A maioria vem de El Salvador, Honduras e Guatemala, fugida do aliciament­o de gangues ou de ameaças de morte.

“Você prende e imediatame­nte solta, esperando que as pessoas se apresentem anos depois à corte; mas o problema é que elas nunca voltam”, disse Trump.

Nesta semana, o Departamen­to de Justiça propôs cotas de desempenho aos juízes de imigração, a fim de acelerar o andamento dos processos —evitando a permanênci­a de imigrantes nos EUA. MARCHA

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