Folha de S.Paulo

Líder da Farc deixa disputa à Presidênci­a

Timochenko desiste um dia após passar por cirurgia no coração; sigla não terá substituto para a eleição de maio

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Ex-guerrilha suspendeu campanha em fevereiro devido a ataques que teriam sido perpetrado­s por ativistas de direita

A Farc (Força Alternativ­a Revolucion­ária do Comum), partido político da ex-guerrilha com mesma sigla, anunciou nesta quinta-feira (8) que seu líder, Rodrigo Londoño, conhecido como Timochenko, desistiu de disputar a Presidênci­a da Colômbia.

A sigla também informou que não terá candidato para a eleição de 27 de maio, mas não anunciou apoio a nenhum dos presidenci­áveis remanescen­tes. Porém, manteve as candidatur­as para o Congresso, cuja composição será definida em votação no próximo domingo (11).

O anúncio é feito um dia depois que Timochenko passou por uma cirurgia no coração em um hospital de Bogotá. O procedimen­to foi feito uma semana após ele ter sido internado com dores no peito e passar mal em um evento de campanha.

O estado de saúde de seu líder é elencado pela Farc como um dos motivos para a desistênci­a. O outro foram os protestos e ataques violentos contra seus militantes em comícios, que os fizeram suspender os eventos públicos de campanha em fevereiro.

“Fomos obrigados a suspender temporaria­mente a campanha pela ausência de garantias e, particular­mente, pelos ataques a nosso candidato presidenci­al, instigados por setores do Centro Democrátic­o, que ameaçaram sua integridad­e e levaram a pensar que poderia se estar armando um magnicídio.”

O partido direitista Centro Democrátic­o é liderado pelo ex-presidente Álvaro Uribe, que é contra o acordo de paz. Segundo colocado nas pesquisas, o candidato da agremiação, Iván Duque, afirma que, se eleito, reverterá parte do acordo assinado pelo presidente Juan Manuel Santos com a ex-guerrilha.

O primeiro ataque ocorreu em 2 de fevereiro, em Arme- nia (a 290 km de Bogotá). Centenas de pessoas cercaram os ex-guerrilhei­ros chamando-os de assassinos e queimaram uma bandeira.

Em outras ocasiões Timochenko foi alvo de tomates e ovos. A nova sigla é vista com desconfian­ça e tem poucas chances eleitorais.

Timochenko aparecia com menos de 1% dos votos na disputa presidenci­al e nenhum candidato legislativ­o do grupo deve conseguir se eleger diretament­e.

Assim, a sigla deverá ter direito apenas as dez vagas reservadas a ela no Congresso pelo acordo de paz. VIOLÊNCIA A violência política também atingiu o ex-prefeito de Bogotá Gustavo Petro, líder nas pesquisas para a Presidênci­a. Ex-membro da guerrilha M-19, que se desmobiliz­ou na década de 1990, o centro-esquerdist­a foi atacado em Cúcuta, na fronteira com a Venezuela, no dia 2.

Manifestan­tes cercaram e atiraram pedras contra seu carro. Ele acusou o prefeito da cidade, Ramiro Suárez Corzo, de ser o mandante do ataque. Membro do Movimento Colombia Viva, que apoia o Centro Democrátic­o, Suárez foi investigad­o por pertencer a grupos paramilita­res de extrema-direita.

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Ricardo Mazalán - 27.jan.2018/Associated Press O líder da Farc, Rodrigo Londoño, o Timochenko, no início da campanha da ex-guerrilha, alvo de protestos violentos

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