O ex-ministro Ciro Gomes (PDT) lançou nesta quintafeira (8) pré-candidatura à
Presidência da República dizendo que vê “crescer nas costas uma responsabilidade muito grande” depois de ter “ajudado o Lula por 16 anos”.
Para Ciro, há “similitude de valores” entre sua candidatura e a do ex-presidente petista. “Eu ajudo o Lula há 16 anos, pago um certo preço, uma certa agressividade facistoide que está na internet fala assim: ‘ajudou a roubar, ajudou a não sei o quê e tal.’ Eu não respondo.”
Antes de discursar na sede do PDT, afirmou que quer ser candidato de “todos os brasileiros que tenham preocupação com o destino da pátria”, mas relacionou suas condições eleitorais à candidatura do ex-presidente petista.
Segundo Ciro, a situação eleitoral no Brasil se divide em cinco projetos políticos: o seu e o de Lula, no campo da centro-esquerda, o de Marina Sil- va (Rede), isolada, e os de Jair Bolsonaro (PSL) e de Geraldo Alckmin (PSDB) à direita.
Nessa lógica, a candidatura de Lula estaria “tamponando sua evolução”.
“Bolsonaro [está] tamponando a evolução do candidato real dessa direita ‘civilizada’ do Brasil, que é o Alckmin. Problema deles.”
“Mas eu vejo no momento essas cinco candidaturas. O Bolsonaro tamponando o Alckmin, o Lula tamponando a minha evolução e, na medida em que um ou outro não esteja no processo, eu e o Alckmin dividiremos a disputa no segundo turno.”
Ele negou que tenha feito críticas ao ex-presidente —como o próprio Lula disse em entrevista à Folha — e afirmou que fez “talvez alguma avaliação ao PT que possa ser chamada de crítica” ao dizer que o partido não apoia ninguém e prefere lançar candidatura no campo nacional.
Suas prioridades na campanha, diz, serão formas de superar a miséria e a apresentação de um desenho de reformas fiscal, previdenciária e tributária. Segundo ele, haverá um plano de reindustrialização, além de um programa para a educação —vitrine de sua gestão no Ceará.
O presidente do PDT, Carlos Lupi, disse que a candidatura de Ciro será irreversível.
“Estive com o presidente Lula segunda-feira (5)”, disse Lupi. “É meu amigo pessoal, acho que foi nesse processo profundamente injustiçado, me machuca vê-lo sofrendo, mas acho que construíram uma situação que é irreversível.” PATRÍCIA PILLAR