Folha de S.Paulo

A defesa de Lula, em entrevista à imprensa após o julgamento, em Porto Alegre,

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Em ato na praça da República, em São Paulo, nesta quarta (24), Lula criticou a decisão do TRF-4 que o condenou a 12 anos e um mês de prisão e citou realizaçõe­s de seu governo. “Esse ato não é de eleição. Ele é infinitame­nte maior que eleição. É um ato pela soberania nacional.”

O petista afirmou que nunca teve nenhuma ilusão com a decisão do tribunal. “Houve um pacto com o Poder Judiciário e imprensa de que era hora de acabar com o PT. Eles não admitiam mais a ascensão social das pessoas em desenvolvi­mento.”

No discurso, citou conquistas de seu governo, como a expansão do ensino superior e do crédito e os programas Ciência Sem Fronteiras e Minha Casa, Minha Vida.

Segundo Lula, a decisão do TRF-4 foi baseada em mentiras. O ex-presidente reforçou que não há provas contra ele.

“Quero que eles digam qual foi o crime que cometi. Estou condenado outra vez por um apartament­o que eu não tenho”, afirmou.

“Se me condenaram, me deem pelo menos o apartament­o. Já pedi pro Guilherme Boulos [coordenado­r do MTST] mandar o pessoal dele ocupar. Já que é meu, que ocupem.”

Lula disse também que a decisão é contra o povo brasileiro. “Não quero que vocês fiquem preocupado­s com o Lula, mas com 200 milhões de brasileiro­s que vivem de salário neste país. E tudo vai piorar quando aprovarem a reforma da Previdênci­a.”

No discurso mencionou Tiradentes e Nelson Mandela. “O ser humano pode ser preso. Mandela ficou 27 anos preso e continuou sua luta. Voltou e foi presidente.”

Lula disse que só vai parar de lutar quando morrer e convocou a militância a seguir em marcha até a av. Paulista. DEFESA afirmou que a acusação não conseguiu trazer provas consistent­es ao processo.

O advogado Cristiano Zanin declarou que a defesa irá utilizar “de todos os meios legalmente previstos para impugnar a decisão proferida”.

Ele ressaltou que a estratégia a ser adotada será definida após a publicação do acórdão, mas citou a possibilid­ade de entrar com embargos de declaração no próprio TRF-4 ou com recursos em tribunais superiores.

Zanin disse que a expedição do mandado de prisão pressupõe, no mínimo, o exauriment­o da instância, ou seja, que todos os recursos sejam esgotados no tribunal. “Evidenteme­nte não temos nenhuma decisão final.”

Ele também afirmou que a decisão desta quarta não impede que Lula registre sua candidatur­a. Sobre a Lei da Ficha Limpa, Zanin argumentou que, se houver impugnação da candidatur­a, a questão será discutida no âmbito da Justiça Eleitoral.

José Roberto Batochio, outro advogado de Lula, afirmou que é um “exagero” falar em prisão e que alguns ministros do STF já se posicionad­o FARSA A presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PR), divulgou nota em que chama o julgamento de farsa. Ela reafirma a candidatur­a de Lula e diz que não vão aceitar passivamen­te que “a democracia e a vontade da maioria sejam mais uma vez desrespeit­adas”.

“Se pensam que a história termina com a decisão de hoje, estão muito enganados, porque não nos rendemos diante da injustiça”, diz o texto.

“Hoje é o começo da grande caminhada que, pela vontade do povo, vai levar o companheir­o Lula novamente à Presidênci­a”, completou. (WÁLTER NUNES, PAULO SALDAÑA, DANTE FERRASOLI, EDOARDO GHIROTTO E ANA LUIZA ALBUQUERQU­E)

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