Mortes nas marginais subiram 23%, diz CET
Balanço preliminar da gestão Doria já contabiliza 32 mortos nas pistas em 2017, contra 26 no ano anterior inteiro
Prefeitura nega relação com mudança no limite de velocidade, cita casos atípicos e maior movimento nas vias
Um balanço preliminar da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), ligada à gestão João Doria (PSDB), aponta aumento do número de mortes nas marginais Tietê e Pinheiros em 2017, ano em que a prefeitura decidiu aumentar os limites de velocidade dessas pistas.
A companhia já contabiliza 32 mortos, alta de 23% em relação às 26 mortes registradas no ano inteiro de 2016. Os dados de 2017 ainda poderão aumentar —porque a CET analisa parte final dos dados de mortes de dezembro.
A gestão Doria nega, no entanto, haver relação entre a alta de vítimas e a mudança nos limites de velocidade.
O presidente da CET, João Octaviano Neto, diz ter convicção de que a medida não contribuiu com os acidentes —a companhia lista a imprudência e a inexperiência como fatores mais relevantes.
O aumento das velocidades máximas (de 70 km/h para 90 km/h na pista expressa, de 60 km/h para 70 km/h na central e de 50 km/h para 60 km/h na local) foi implantado por Doria no dia 25 de janeiro de 2017, após promessa de campanha do tucano —e sob crítica de especialistas.
Os limites haviam sido reduzidos em 2015, na gestão Fernando Haddad (PT), resultando na queda de mortes — tendência revertida em 2017.
A CET ainda não consolidou dados das vítimas do trânsito na capital paulista inteira no ano passado, mas levantamento do Infosiga, banco de dados vinculado ao governo Geraldo Alckmin (PSDB), apontou redução de 7% das mortes em relação a 2016 —tendência oposta à das marginais Tietê e Pinheiros.
Reportagem publicada pela Folha em dezembro mostrou que a base de dados disponível não fornece informações suficientes para descartar a influência da velocidade como fator contribuinte dos acidentes nas marginais.
A CET observa informações de boletins de ocorrência da Polícia Civil. Os dados mais atualizados apontam que a maioria dos casos (62%) ocorreu de madrugada ou em final de semana, períodos em que teoricamente as pistas estão mais vazias —possibilitando maiores velocidades. ARGUMENTOS O presidente da CET disse que, das 32 mortes, ao menos 5 fugiram do perfil de acidentes viários nas marginais. Para ele, isso dificulta uma análise estatística histórica.
Em um deles, uma motorista alcoolizada atropelou e matou três pessoas. Em outro, um motociclista teria caído ao tentar chutar um retrovisor. Em um terceiro caso, uma pedestre, possivelmente usuária de drogas, teria se jogado sob uma carreta na marginal Pinheiros, próximo à Ceagesp.
A gestão Doria diz ainda que 4 das 32 mortes de 2017 ocorreram em locais onde não houve mudança dos limites — devido ao traçado da pista.
Pelo balanço da CET, 22 das vítimas eram motociclistas (69%), 8 pedestres (25%) e 2 estavam em carros (6%).
A CET também afirma que em 2017 houve um aumento de 6% na movimentação de veículos nas marginais.
Segundo a gestão Doria, ao longo do último ano, devido ao programa Marginal Segura, houve aumento da presença de fiscalização e socorro operacional aos veículos.
A companhia diz que as vias ganharam mais 98 agentes em relação a 2016, além de câmeras de monitoramento e novos protocolos de interação com a Polícia Militar, Bombeiros e Samu. Em 2017, foram feitas 34.616 remoções de veículos imobilizados nas vias, contra 22.636 em 2016, um aumento de 52%.