Venezuela antecipa eleições presidenciais
Votação, que seria no segundo semestre, deve acontecer em abril; Maduro afirma estar disposto a buscar reeleição
Brasil e 11 países dizem que, pelas condições, pleito será ilegítimo; oposição chama decisão de represália a sanções
A Assembleia Constituinte da Venezuela, composta integralmente por aliados do regime de Nicolás Maduro, anunciou nesta terça (23) que as eleições presidenciais serão realizadas até 30 de abril.
A data exata não foi revelada. Com a decisão, o mandatário chavista cumpre a expectativa de antecipar a votação, prevista inicialmente para o quarto trimestre deste ano, para facilitar sua manutenção no poder até 2025.
Maduro se aproveita da união de seus aliados após as vitórias nos pleitos para prefeitos, em dezembro, e governadores, em outubro, e da implosão da coalizão opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD) depois deles.
O decreto foi proposto pelo número dois do chavismo, Diosdado Cabello. Ele confirmou que o candidato do PSUV (Partido Socialista Unido da Venezuela) será Maduro.
Horas depois, na celebração dos 60 anos da queda da ditadura do direitista Marcos Pérez Jiménez (1952-58), o mandatário disse que “estava às ordens” para concorrer ao segundo mandato.
“Eu sou só um humilde trabalhador, um humilde homem do povo. Se o PSUV, [...], se meus irmãos trabalhadores acham que eu deva ser o candidato presidencial, da pátria, dos setores revolucionários, dos que amamos este país, estou às ordens.”
Cabello disse ter lançado o decreto como resposta às sanções dos EUA e da União Europeia. “Se o mundo quiser aplicar sanções, nós aplicaremos eleições”, disse —a frase seria repetida por Maduro.
O constituinte foi um dos alvos das punições europeias aprovadas na segunda (22). O regime as considerou um golpe às negociações com seus adversários —no âmbito das quais a convocação das eleições era tópico central.
Para o Grupo de Lima, composto pelo Brasil e mais 11 países das Américas que não reconhecem a Constituinte, a decisão “torna impossível a realização de eleições presidenciais democráticas, transparentes e confiáveis”.
“[Os países] exigem que as eleições sejam convocadas com antecipação adequada, com a participação de todos os atores políticos com todas as garantias correspondentes, inclusive a participação de observadores internacionais independentes. Eleições que não atendam a essas condições não terão legitimidade”, disse a associação, em nota.
Já a porta-voz do Departamento