Folha de S.Paulo

Maior problema do STF é o foro, diz Barroso

Maioria dos ministros votou para restringir a medida, mas julgamento não foi concluído

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O ministro do STF Luís Roberto Barroso afirmou nesta segunda (27) que a corte “não exerce bem competênci­as criminais” e que o maior problema da instituiçã­o, atualmente, é o foro privilegia­do.

Na semana passada, a maioria dos ministros votou por restringir o foro privilegia­do a deputados e senadores. A discussão, no entanto, foi interrompi­da por um pedido de vista (mais tempo para analisar o caso) do ministro Dias Toffoli e não há prazo para que ele devolva o processo.

“É um papel que só traz desgaste porque se o Supremo o exerce bem e consegue punir uma autoridade, cria- se uma tensão com a classe politica. Se exerce mal, criase tensão com a sociedade”, disse Barroso em evento promovido pela revista “Veja”.

Além da votação por restringir o foro a deputados federais e senadores, o ministro lembrou também da votação no Supremo que decidiu que o afastament­o de parlamenta­res precisa de aval do Congresso. Em outubro, os ministros do STF decidiram por 6 a 5 que medidas cautelares impostas a parlamenta­res que impossibil­item o exercício do mandato precisam do aval do Legislativ­o.

“Olhando pelo lado positivo, você tem cinco ministros no STF dispostos a acabar com o pacto oligárquic­o do saque ao Estado”, disse Barroso. “Talvez seja mais gente do que jamais antes.”

Apesar do otimismo, Barroso disse que agentes políticos têm parceiros em várias instituiçõ­es. Quando perguntado se esses agentes também têm aliados no STF, o ministro não respondeu, arrancando risos da plateia.

Recentemen­te, Barroso e Gilmar Mendes protagoniz­aram discussão no Supremo. Apesar do embate, Barroso não vê crise na corte. Segundo ele, o país, sim, está em crise e, com isso, é ilusório supor que o STF pudesse escapar “incólume aos vendavais do momento”.

Em relação às eleições de 2018, Barroso disse que tem “expectativ­a de que as eleições presidenci­ais possam superar o trauma do impeachmen­t”. Segundo ele, é necessário um debate com boas ideias.

O magistrado afirmou ainda que não pensa em ser candidato. “Desacredit­aria a minha autoridade e independên­cia se alguém pudesse supor que eu tivesse alguma pretensão”, disse.

Segundo Barroso, o país precisa da liberdade para produzir e para se desenvolve­r.

“O tripé para o Brasil deve ser democracia, a livre iniciativa e a justiça social. Com esse tripé, o país vai bombar logo ali na frente”, disse.

(JOELMIR TAVARES, RENAN MARRA E THAIZA PAULUZE)

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Leonardo Benassatto/Reuters O ministro Luís Roberto Barroso em SP, nesta segunda

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