Folha de S.Paulo

TODAS AS CORES

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Para Preta, as seguidas internaçõe­s do pai para tratar problemas renais foram a fase mais difícil dessa exposição.

“A gente se preocupava zero com os boatos, nossa preocupaçã­o era com a doença real. Como ele iria sair daquela, e ele saiu muito bem. Na turnê com Nando Reis e Gal ele está iluminado, superbem. Acho que quando a pessoa tem esse contato com a finitude, com a possibilid­ade real de morrer, e fica bom, isso deve dar a ela um gás, dar valor à vida. Ele melhorou em todos os aspectos. Tem mais energia, mais afetividad­e.”

Falando sobre as redes sociais para além da vida pessoal, Preta não parece surpresa com o tom belicoso.

“Do mesmo jeito que a gente tem o direito de fazer um clipe que prega a liberdade, que prega o amor, a inclusão, o direito de ser quem a gente é, quem não pensa igual a mim tem o direito de reclamar. O limite está na violência, e a gente não está falando só de violência física ou verbal, mas de qualquer maneira de impedir que as pessoas tenham liberdade.”

Para a artista, as redes sociais apenas facilitara­m as conexões já existentes. “Sabe aquele primo homofóbico? Ele iria falar no almoço do domingo que não gostava do tio homossexua­l? Hoje ele tem a rede social para falar livremente o que pensa, e lá ele vai encontrar pessoas como ele. Quem pensa igual vai se conectando.” CERTO E ERRADO “São movimentos reacionári­os, moralistas? Não sei. Devem ser legítimos dentro de algum ideal desses grupos, que não entendo qual é. Mas não me sinto agredida na pele. Como posso dizer que essas pessoas estão erradas? Sei o que é certo e errado pra mim. Tenho que continuar resistindo, o que faço há 15 anos.”

Depois de apresentar programa na TV, fazer novela, ser rainha de bateria da Mangueira, cantar em turnês em espaços pequenos e criar um bloco de Carnaval bem-sucedido, ela quer o foco na música.

“Todas as Cores” é praticamen­te uma parceria com o produtor Batutinha, nome forte do funk. Tem no repertório, além do dueto com Gal, outros com Pabllo Vittar (“Decote”) e Marília Mendonça (“Me Testa”), nomes que devem chamar a atenção de novos públicos para ela, os fãs da sofrência e do sertanejo.

Depois da agenda cheia do Bloco da Preta no Carnaval, pretende fazer a partir de abril uma turnê do novo disco, talvez em teatros, com público sentado. “Até lá vou discutir muito o tema na terapia. Será que estou madura para isso?” ARTISTA Preta Gil GRAVADORA Sony Music QUANTO R$ 25 (CD)

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