Comigo não, violão!
NA SEMANA passada, aqui na Cidade Maravilhosa, o evento que atraiu mais público, depois do Rock in Rio, foi a assembleia mensal da AALCRF (Associação dos Amigos e Leitores da Coluna do Reinaldo Figueiredo). O velho galpão localizado na Gamboa, na zona portuária, foi pequeno para acolher a multidão.
Depois das formalidades de praxe, passamos a discutir assuntos gerais, e os membros da associação, que são caras que gostam de música, me disseram que tem um deputado federal que apresentou um projeto de lei para obrigar as rádios públicas a incluir música religiosa na programação. A princípio, achamos que ele estava querendo apenas diversificar a programação, de modo a incluir peças clássicas como a famosa Missa em Si Menor, de Johann Sebastian Bach, ou então os belos cânticos e a maravilhosa percussão das religiões afro-brasileiras. Mas aí um dos mem- bros da associação lembrou que o cara é um radialista evangélico e que provavelmente a ideia dele é obrigar as rádios públicas a tocar música gospel. Ao saber disso, não me contive e fiz uma declaração indignada: “Comigo, não violão! Já tem tanta rádio tocando música evangélica, as igrejas já são donas de tantas emissoras, e os caras agora querem enfiar a música evangélica nas rádios públicas?”. Nesse momento, um outro companheiro, mais atento, lembrou que o Brasil é um estado laico. Eu falei: “É mesmo? Não brinca!”. E não era ironia. Eu tinha me esquecido desse pequeno detalhe.
E esse companheiro me informou: